segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Amazonia

Estive um mês viajando pelo norte do Brasil, uma região surpreendente, muito diferente do sudeste, e das terras altas das Minas Gerais. Ao embarcar em uma jornada de conhecimento, e diversão pela Amazônia, percebi e descobri muitas coisas que eu nunca havia imaginado existir, nem nos meus maiores preconceitos sobre essa região. Pensar na Amazônia é algo incrível e estar nela mais ainda. A Amazônia não é um lugar comum, é um dos lugares no planeta terra que são conhecidos mundialmente por não só serem lugares belos, pouco habitados, mas por ser um macro universo, infinito a principio para nossos pequenos atos humanos. Assim como os Andes, o Saara, o Himalaia, a Amazônia é uma gigantesca área global que uni vários paises e ocupa quase metade do Brasil. Florestas equatoriais existem em todo o globo, mas a Amazônia é única! Conhecer os diversos sistemas que integram essa imensa área foi uma experiência muito boa. Ver com os próprios olhos o rio Amazonas, e subir mais de 2mil km de sua foz ao seu inicio como Amazonas, após o encontro dos rios Negro e Solimões, é a única forma de entender o que é o rio. Por mais que filmagens, fotos, e descrições possam te indicar e formar uma idéia em sua cabeça, ir lá e sentir a imensidão que é esse curso fluvial, te faz repensar em tudo que se tem aprendido sobre rios. Em muitos lugares e em outros rios como o Tapajós, o comportamento é marinho, de ambiente costeiro, litoral. Nada de barras arenosas e terraços, são praias e falésias. Não há como compreender a geomorfologia da região, sem tentar entender a magnitude da região.

Algo que me impressionou é a pequena alteração do espaço produzida pelo homem, uma vez que no sudeste ela já atingiu níveis que infelizmente impede de perceber como era o mundo original. Na Amazônia, o que impressiona, é que tudo é grande, tudo é muito, é um exagero. E o turismo impressionante que ela recebe, por ser uma área mundialmente conhecida e importante, faz de nos brasileiros, nos sentirmos importantes uma vez na vida. Ter a Amazônia em seu país, mesmo sem sermos patriotas nem nada, nos da a sensação boa de pertencimento a esse grande sistema. Por mais que os gringos venham aqui, e conheçam mais a Amazônia que os brasileiros, eles nunca saberão o que é pertencer a ela. Não tenho nada com a Amazônia, nunca morei, nem minha cultura é parecida, mas lá me sentia em casa. Sendo brasileiro, todo mundo te trata bem, é o mesmo sangue, a mesma pátria. Fiquei vários dias em uma casa em Alter do Chão, onde os moradores, Pinto e Antonia, me contaram muito sobre o lugar, sobre as lendas amazônicas, do oeste do Pará. Como disse, uma coisa é você ser um gringo e entrar na mata, sabendo que tem cobra, aranha, escorpião, onça. Outra é você ser um morador, ou um turista como eu, e entrar na mata sabendo que tem Curupira, Mapinguari, Jurutinga, os magos e bruxos que vivem embrenhados na mata. O folclore e as lendas, instigam a imaginação e transforma a mata em um lugar de muito respeito, medo, e cuidado. Essa experiência foi algo que um gringo não passaria, e temer o inexistente, é mais legal. Ficar com receio do boto, não nadar em igarapés ao meio dia, são costumes que nos fazem pensar e não agir da mesma forma, mas com uma cautela psicológica. É uma diversão pensar na cultura local e se inserir nela, pois já ouvimos histórias quando pequenos, mas eram sobre seres mitológicos que habitavam os nossos vales e montanhas. Ouvir as lendas de uma floresta que impõe respeito é algo muito legal.

A Amazônia é um mundo de agua, e os meios de transporte são todos sobre ela. Se tiver um carro, venda-o e compre um barco. Será mais útil em um lugar em que as estradas mal existem, e os caminhos são feitos pelos rios. É uma cultura diferente, muito diferente da nossa longe do mar e dos grandes rios e lagos. Aqui vivemos a solidão dos montes e grotas, lá se vive em meio a um sistema vivo que te faz sentir minúsculo. O pescado, açaí e a macaxeira são as principais fontes de alimento, cultura indígena, e que alimenta bem. Cultura muito diferente, mas o Arroz e o Feijão ainda imperam na base alimentar, porque a Amazônia é Brasil. E ser Brasil é algo que te faz sentir importante como disse no começo, porque toda a historia que ouvimos sobre ela, é apenas um pedacinho de toda gigantesca realidade. E pra conhecer a Amazônia, tem de se andar, nadar, e vivenciar. Anos seriam necessário para se ter noção do que é realmente essa região, mas nessa voltinha que dei, já descobri muitas coisas. Voltarei lá porque é um local no mundo que tem que se conhecer, sendo brasileiro então, é uma obrigação.

Ah e ela nunca vai acabar, ahaha...mas falando sério, a gente aprende que a Amazônia ta sendo destruída, e na nossa concepção de mata, parece que ela vai sumir amanha se cortamos uma arvore. Os urbanos que acham que a Amazônia é igual o parque municipal, não têm noção do que ela é. Não é algo que ira se dizimar assim, primeiro porque não estamos mais em 1500, e a mentalidade da preservação já existe. Apesar de que essa mentalidade é muito mais urbana de centros distantes, do que da própria região. A ligação com a preservação é uma características mais de centros que já destruiriam tudo em volta, do que de um lugar que ainda possui inúmeros lugares intocados pelo homem. Mas não esperem ela acabar para ir lar conhecer, pois a facilidade de dar role e conhecer, é grande, mais do que imaginamos. O sertão está em todo lugar, e a Amazônia é um gigantesco sertão que vive no imaginário do mundo todo, com um lugar raro, remoto, e que esta acabando. Mas ela não está, é só curtir e visitar, não precisa levar nada de lá, é tudo nosso.