segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A triste história do ônibus que nunca passava.

Era ali no fim da rua, a casa de um menino que sonhava em conhecer o mundo. Vivia ali dentro da casa, pois era a única da rua e não havia ninguém com quem brincar. De vez em quando um tio chamado Alberto, vinha o visitar e contava muitas histórias sobre diversos lugares, que o menino jamais imaginara existir. Aliás, o menino nunca havia saído da sua rua, vivendo ali sempre na sua casa, no máximo se aventurava a correr na rua, mas sem nunca seguir adiante. Havia uma placa na no começo da rua, antiga, que indicava um ponto de ônibus. O menino perguntava para a mãe o que significava aquilo? A mãe sempre respondia que antes dele nascer, existia uma linha de ônibus, que passava pela rua e retornava ao centro da cidade. Muitas pessoas passavam dentro do ônibus, mas por causa da volta que tinha que dar, a linha deixou de existir. O tempo foi passando, e todo o dia imaginava como seria um ônibus passando ali. Imaginava andar no ônibus, e seguir para algum lugar, em uma viagem para longe de sua casa, para ver novos lugares, conhecer gente diferente. O tempo passava lento, num devagar intenso, quase parando. Os dias não tinham graça, e não havia nada para fazer, pois não havia com quem brincar. O menino ali, triste, um dia ouviu no rádio que a linha D iria voltar a funcionar, devido ao aumento da população na região. Em polvorosa alegria, o menino saiu correndo para avisar a mãe e dizer que o ônibus voltaria a passar, e que ele iria finalmente conhecer o mundo. A mãe enxugava as mãos, e deixando de lado a roupa que lavava, seguia até seu filho, e dizia que não era pra ele empolgar demais, pois não era certo que o ônibus voltasse a passar. Mas o menino não quis saber, e correu pra rua já na expectativa, correu e brincou o dia todo, feliz por finalmente ter a possibilidade de conhecer o mundo inteiro. A noite chegou e de ansiedade, o menino quase não dormiu. Acordou antes do costume com o sol a nascer, colocou sua melhor roupa, um sapatinho marrom, blusa listrada, além de um suspensório que lhe segurava a desgastada calça. Correu para o ponto de ônibus e aguardou com um enorme sorriso no rosto o ônibus. Mas o ônibus não veio, passou a manha, chegou à tarde, e no ultimo raio de sol o menino desistiu e voltou pra casa. Desolado e cabisbaixo, viu a mãe o consolar, e seguiu para o quarto onde adormeceu. Sonhou a noite toda com o mundo infinito que ele não conhecia, e acordou mais empolgado que no dia anterior. Colocou a melhor roupa, e saiu correndo, tropeçando em si próprio, louco para chegar no ponto. Esperou... Olhou distante, o inicio da rua, e aguardava a todo instante a hora que o ônibus iria virar vindo da transversal e seguir diretamente para ele. Esperou... A noite caiu e mais um dia o menino voltou triste e sem graça. Jantou sem fome. Dormiu. Nos sonhos noturnos, mais uma vez ele viveu a ilusão de conhecer o mundo. Viajou por vários lugares, e ao acordar, sentiu a alegria de poder ter a chance de conhecer. Vestiu-se de qualquer maneira, e saiu em disparada até o ponto de ônibus, antes mesmo do sol nascer. Naquele mesmo dia, deu no rádio que a linha D havia sido cancelada, pois nenhuma empresa se dispôs a ir tão longe. O menino no ponto esperava. Esperava o ônibus que lhe mostraria o mundo, que o levaria para um lugar distante dali, para seus sonhos. Esperou... E o dia se encerrou. Ao fim daquele dia, o menino não conseguia mais sorrir. Pensou que seu sonho era grande demais para conseguir realiza-lo, pois não fazia a menor idéia de como fazer para que ônibus chegasse. Sua mãe tentou lhe convencer de que o ônibus não viria, e que era para ele desistir, pois para conhecer o mundo, faltava-lhe crescer, para trabalhar e ter dinheiro. O menino foi para o quarto, e em tristeza choramingou toda a noite. E desistindo do seu sonho de conhecer o mundo, pegou um velho livro que havia em uma empoeirada estante, e folheou. Era um antigo atlas, que mostrava mapas de todo o mundo. Descobriu então que o mundo era bem menor do que achava, pois cabia em um pequeno livro. Percebeu que não precisava de ônibus nenhum e que com aquele pequeno atlas, poderia ir e conhecer qualquer lugar. Nunca mais ninguém viu o menino. Soube-se apenas, que ele iniciou uma viagem, e ainda não tinha voltado. Viajava em seu próprio mundo; imaginário, em sua própria cabeça. Lá fora o ônibus voltou a passar, pois uma empresa havia aceitado o serviço. E por mais que o sonho estivesse vivo na porta de casa, o menino nunca mais havia saído do livro.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ritos de passagem

Colei grau na ultima quarta-feira, num ritual de transição bem burocratico, tipico dos academicos saudodos e de nossa sociedade arquitetada pela competição. Pegar o canudo nada mais é que um ato de transição de jovem para o mundo adulto. Agora de vez fudeu. Estou oficialmente desempregado, e gostaria de pelo menos ter passado por uma cerimonia mais legal. É notavel a felicidade das pessoas que nunca pararam para pensar nos ritos de passagem, pois esse não doi nada, e todo mundo fica feliz. Todo rito de passagem da imensa maioria das culturas é feito através de provas de superação e de muita festa depois. A dança não existe, e a musica é o hino nacional. Somos moldados a cantar uma musica que enaltece nossa pátria, mas como seres regionais, mal sabemos o tamanho dela, e virtualmente lutariamos por ela a qualquer custo. Bem não é assim que funciona, pois agora fui jogado no meio da selva competitiva, e a patria amada, já não me ama tanto assim. O estado paga mal, e o privado de explora. Viver na duvida constante é o que fazemos depois de passar algumas horas no ritual.

Esse post era só pra desabafar comigo mesmo... quero festa!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fantasia e Ficção

Uma coisa engraçada tem acontecido comigo nesses últimos dias. Estive durante cinco dias na Lapinha, embrenhado na serra, para adentrar melhor no mundo do Espinhaço. Escrevendo um projeto que trata de um livro literário sobre o Espinhaço, fui ate ele visualizar como é realmente esse mundo. Antes de ir, em BH escrevi algumas paginas que me ajudaram a dar rumo ao livro. Nessas paginas minhas memórias me ajudaram a compor um pouco desse mundo, mas passar esses dias na serra me fez ver muitas coisas que não lembrava nem imaginava. Ver varias situações cotidianas, cenas e atos do povo, me ajudou demais a criar os vários personagens. Seus atos, suas roupas, seus costumes puderam ser melhor retratados, e algo estranho em meu pensamento ocorreu. De repente não consegui mais distinguir a realidade da ficção e entrei tanto em meu fantástico mundo que esqueci o quanto ele eh real. Ver e sentir os lugares que eu descrevi e no livro, me fizera pela primeira vez sentir de verdade a sensação de estar dentro de um. Me vi rodeado dos meus próprios personagens, dos meus cenários, que em minha cabeça formam um fantástico mundo mítico do Espinhaço. Escrever é algo muito gostoso e tem me feito bem. Quero agora poder seguir fazendo isso na vida, um hobby que levo, que espero que se torne mais que isso.

Viver a real fantasia é o que mais quero!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sobre o século XXI

Quando estava na 5ª série, em meados de 98, dois anos antes da virada do século, uma professora nos deu uma redação para fazer, cujo o tema era o sec que viria. O futuristico e inalcansavel secXXI. Em todas as minhas insipirações, eu não falei o que se tornou o secXXI. Século maluco, onde as mulheres governam os países, ondas de rádio estão por todas as partes, trazendo e levando informações das mais absurdas as mais importantes. Não existe mais telefone, existe pequenos aparelhos que enviam e recebem informação, msgs, fotos, musicas, ah e claro, da pra conversar com outras pessoas que também possuem esse aparelho. A internet, hoje faz parte da vida de milhões de pessoas, fazem regimes cairem, armas do povo. O futebol se vendeu totalmente, as pessoas cada vez se vendem mais, o Brasil é um país em acelerado desenvolvimento, mas isso apenas no sudeste, onde gritantes diferenças cada vez se tornam maiores. É complexo o ambiente, cada vez mais. Selva de pedra que se torna mais e mais competitiva, pois nunca nos perguntamos o porque de nossa vida. Vivemos o sec XXI, e nem sabemos. Hoje no futuro percebo como é dificil fazer previsões. O que será dessa decada que se inicia? Quanta tecnologia iremos ver? Quanta destruição, poluição e liquidação? É vem ai em alta velocidade, um trator destruindo culturas, e sendo unico. Sec XXI , a gente ve por aqui!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Candeias

O mato dentro derretia em um eterno pingar. Chovia a mais de semana, e a trégua era sempre passageira. Em casa, dona Luana guardava uns panos velhos, em sua pequena cozinha, onde um fogão a lenha queimava lentamente, aquecendo água para o café. Era um dia frio de agosto, e a chuva gelada, espantava todo mundo dali. Lugarejo pequeno em alto de serra. Candeias chama a atenção pela simpatia, e o isolamento. Povo insular. De alto de serra. Vivem em fim de estrada. Lugar último de chegar. Isolados pelo relevo e as vias, aqui quase tudo é produzido, para consumo mútuo. Candeias é lugarejo. Rua que sobe a ladeira, ladeada de casas, e no fim dela, há uma pequena igrejinha. Costume mineiro. Perfume de roça. Doce de leite com queijo, coisa que a gente gosta. Dá de lá ser longe da capital. Barlavento do Espinhaço. Povo insular, que respira a ultima brisa do mar. De lá não passa. Vira água. E cai. Candeias é quase submersa em chuva. Tempos e tempos de cercada por água. É assim, ilha. Mesmo tão longe do mar, respira a brisa marinha, no topo da serra. E dela se avista um grande vale, que passa embaixo. Em outro lado da vertente, a grande cara do Espinhaço. Subida bruta. Vale encaixado. Lá embaixo. Aqui no alto, chove sempre. E enche o córrego. E ai que mais se isola, no barro da estrada. Intransitável. Igual quiabo em matéria de escorrego. Ilha em meio a serra. Noite serena, em embalo de goteira. Um eterno pinga-pinga, que dura a noite inteira. Lugar tranqüilo. Remoto. Hospitaleiro. Lugar belo. Simpático. Mineiro.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Relatos de uma realidade distante

Faz tempo desde o ultimo inverno quando o frio castigou a nossa pequena vila. No alto da serra, em lugar quartzitico, o inverno é frio;seco ao anoitecer, orvalhado pela manha. É sempre dentro de nuvem. O cheiro do mato molhado, refresca as narinas, que de frio, soltam fumaças. Dentro de casa, um café acaba de ser feito, e o cheiro da broa assada, nos faz salivar. É tempo bom, de conversa em volta de fogão, de dormir de manta, embrulhado. Tempo de ver o céu em excesso de estrela. E em fim de tarde, uma aquarela em tons marrons. Antes do nascer do sol, é duro de se levantar, mas o trabalho tem de ser feito, não adianta de enrolar. Tem que tomar um café forte, com rapadura para adoçar. Na vila num tem comércio grande para comprar mantimentos sempre. Há sempre que se aventurar. Ilhados aqui no topo, tudo vem de mula, e com elas o preço do isolamento. Aqui tudo se torna caro, não porque nosso trabalho, árduo e criativo, seja valorizado. Não se dá valor ao sofrimento. Aqui se valoriza a distância. Aqui não há dinheiro que circule, nem o dinheiro tem coragem de vir. A travessia dura dias. Dependendo do tempo nem pode ser feita. Somos gente acostumada a isso. Um povo tranquilo, que luta todo dia para poder desfrutar de nossa nobre existência no paraíso. Aqui no alto é o paraíso. Não há tumulto, não há briga, nem discussão. Um povo que se faz familia. Uma familia que é o povo. E todo mundo se entende. Não há jeito de se ter rolo. Eu morador de nascença, trato então de declarar um apelo. Quero aqui me expor. É um problema, o tal do capital. Trata a gente mal. Explora demais. Em tempos de ilusão, morei lá na longincua e inconpreensivel, Capital. Homônimos coincidentes. Na monotonia do trabalho sem razão, em burocracias agressivas, resolvi de voltar pra cá. E cá tenho que dizer sem pensar. É o paraíso. E não há coisa melhor. Porque no frio da manha de inverno, o café e a broa irão sempre nos satisfazer, mais que qualquer coisa nesse mundo. Porque de costume de alto de serra, nós vivemo, e é assim que sinto-me feliz.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Desejos...

Sinto saudade do frio da serra. Do aconchego dos montes e das montanhas. Sinto saudade da energia corrente, fluindo em um rio que despenca em um desnivel e cai em um grande poço abaixo. Tenho vontade de morar no mato, no alto de uma serra, acorda com o frio matinal e ir dormir com as estrelas em meu telhado. Tenho vontade de nadar de braçadas em um belo lago dourado. Quero repensar meu modo de vida e viver em harmonia comigo mesmo. Sei que estou longe disso tudo, mas tenho esses desejos. Quero um dia morar em uma casinha de madeira e pedra, no alto de uma vertente, escondido do vento por uma pequena mata ciliar, que protege o pequeno corrego que traz água fresca para matar a sede. Quero poder ver o nascer do sol todo dia sobre as terras gerais. Quero um dia escrever histórias mil, e sonhar muito mais. Eis que um dia surtarei desta cidade. Nesse dia vou pra serra, pro mato, viver de verdade.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Concret Jungle

Era noite no 2215D, um dos meus lugares movéis mais constantes na babilonia. Depois de um mês longe dela, e longe também de todo o caotico sudeste do Brasil, lá na mitica Amazônia, entra em um onibus e ver as luzes da grande avenida que esvazia o centro da cidade, me fez querer parar e descer. É demais essa sociedade. Assim como na amazonia, complexa e indecifravel, o homem transformou a sociedade dele, em uma cópia ruim da natureza. O mundo artificial de uma metropole, é de uma complexidade inatingivel. Essa 'natureza' dita artificial, é uma coisa muito dificil de se lidar, quando se passa tanto tempo fora dela. A cidade, assim como a natureza selvagem extrema da amazonia, assusta. Assusta porque o sons, os cheiros, as cores, são agressivamente repetidas. Cinzas concretados por toda parte, assim como o extenso verde amazonico. O som alto dos motores ensudercedores, assim como os milhoes de insetos que dominam o cenario noturno. Centenas de ligações entre pessoas, assim como as ligações entre os animais. Desde amizade ao predatismo. São mundos diferentes, vivemos na tecnocamada. Mas há uma pequena diferença. Quando a natureza nos ataca, sofremos muito. Quando a cidade nos ataca, também. Mas a cidade é uma criação nossa, não deveria nos assustar, ou nos atacar. Deveria ser o lugar mais tranquilo e calmo de todos, pois estamos totalmente longe da perigosa e vingativa natureza lá fora. A selva de concreto e asfalto, é cansativa, asfixiante, intolerante. E incrivelmente fizemos tudo errado. Nos escravizamos, e gostamos muito de desfrutar nossas férias, nosso tempo livre, lá fora, na natureza.

É o famoso paradoxo que vivemos hj em dia. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!