quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pontada Negra

É em dias como esse, que ao estar na beira da praia ouvindo o mar se jogar na areia, e a corrente costeira levar para longe todo o entulho dos homens, que vejo o quão descabida está nossa situação. Diante de uma natureza vista como mercadoria, vende-se o mito da tranquilidade, em meio ao caos urbano. Ponta Negra, linda e bela maravilha criada pelos ventos, o mar e areia, é hoje o motivo principal que faz da cidade do Natal, um polo turistico mundial. Vindo de todas as partes do país e da europa, os turistas curtem a praia, refrescam-se no mar, mas não conhecem a cidade. Porque a cidade, está escondida lá atrás depois do parque das dunas. Cidade essa que explodiu em rápido crescimento, quando as imobiliarias vindas de outros lugares, descobriram o potencial que a região possui. Alias, porque morar em casa se podemos empilhar gente? E assim tudo foi moldado para que a cidade crescesse em prol de um bum imobiliario, um bum turistico que transformou uma das mais belas praias brasileiras, em local de descanso dos stressados homens da metropole. E ali na beira do mar, comendo castanha e camarão, ocupam o espaço daqueles que antes viveram ali em comunhão com o mar . Hoje escravizados, trabalham a 40metros de altura, amarrados por cordas, para limpar a janela de um gringo patrão. E o pobre pescador que só conhecia o mar, hoje desiludido, agradece a televisão, que pode comprar para passar o tempo, que antes passava no mar.

De tempos em tempos a gente se revolta, mas vai pro mar curar a raiva. Pelo menos Natal tem praia, pior é BH que tem apenas Obras.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uivemos!

A cultura ocidental, hoje quase totalidade do mundo, vive em tantas contradições que aqueles que refletem sobre elas, tendem a enlouquecer. Porque pensar em coisas que não fazem sentido, torna a nossa própria existência parecer sem sentido. Dominamos hoje em dia, através do pensamento metódico e racional muita das possibilidades que o nosso planeta pode nos oferecer. Porém para que destruir tudo se sabemos que pensando de outra forma, poderemos ter um mundo em que o ser humano volte a ser um animal. Talvez nossa única saída seja voltarmos a pensar que somos realmente animais. É estranho pensar isso, porque nossa consciência coletiva histórica no fez crer que somos A enquanto todo o resto do mundo é B. B é a dita Natureza, hoje em dia mercadoria das mais importantes, que muito além da realidade, é vista como algo muito diferente. Nós os homo-metropolitanus não conhecemos mais a natureza mais como ela realmente é, apenas interpretamos dados sobre ela, e dizemos se é boa ou ruim. Não pensamos em proteger as florestas porque ela é bonita, cheia de vida e imponente, e sim porque estudamos muitos dados coletado sobre tudo na floresta, e chegamos a conclusão por C+D que se continuarmos a destruí-la iremos nos fuder. Quem realmente protege às florestas não são os jovens da burguesia folclórica, que idolatram o deus Sol e todas as “plantinhas”, são as mesmas mega-corporações que a destroem em busca de mais lucro, porque são as únicas com poder para isso. Quem mais se preocupa com o ar que respiramos, não são os tecnocráticos da ciência funcionários do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), esses ai só vendem os dados. Quem se preocupa em mudar são as mesmas mega-corporações que seguindo o deus Capital, transformam o ar que respiramos em mercadoria, para refrear o crescimento de uma industria tradicional em ruínas, e acelerar o crescimento das novas industrias globais, comandadas por acionistas que vivem do capital fictício em algum ponto do globo. O tal crédito de carbono, nada mais é que uma falsa noção de proteção, uma vez que ele é uma criação imaginaria de valor em algo que a gente nem enxerga que é o ar. Dar-se o direito de poluir, em troca de um capital inexistente, porque não veio do trabalho real, e sim da reprodução da imaginação do homem em seu mundo virtual. Voltamos então ao inicio da idéia, que era a de que o homem está tão fora do mundo real, que vive hoje inserido em um mundo virtual, criado a partir de seu gênio criativo. Tudo não passa do controle eficiente de energia, desde o controle primário do fogo, até os elétrons domados nos chips feitos da transformação da montanha em coleira. Prendemos e educamos a energia provinda de todos os cantos desse universo, e que agora sobre nosso domínio, sofre na mesma escravidão que nos homens sofremos, servos do Capital. A nossa imaginação desde os Papas, nos levou a crer que somos seres a parte da natureza, e isso acelerado por uma ciência que vê de fora, levou as ultimas conseqüências essa noção de separação. Vivendo em cápsulas tecnológicas, se deslocando em salinhas confortáveis dentro de uma maquina que mata mais que qualquer epidemia no mundo, acreditamos que o mundo é simples. A cidade digievoluiu e virou metrópole, e a tal metrópole é o atual limite da condição humana criadora e evolutiva, que transformou o mundo real em espetáculo que passa às noites no Fantástico. A Natureza, esse caro e distante produto, passou a ser vendido como bom e bonito. O homem deixou de se ver parte de um todo, e isolado no seu “Penso logo existo”, deixou de existir em conjunto com o mundo. Vive isolado, deprimido, stressado e triste em meio a sua própria criação. O homem global, esse ser cientifico, se tornou o retrato de seu antigo Deus, que triste após sua criação, mandou o filho para tentar consertar. Será que a solução está na mensagem do filho salvador? Então temos de educar a próxima geração, não a comprar produtos nos supermercados, e sim a pegar das árvores que devemos plantar, os frutos para se alimentarem. Imitai-vos então os animais, e vamos viver todos conscientes que fazemos parte da realidade. Realidade essa tão mais empolgante que a virtualidade criada para que possamos fugir do caos lá fora. Deixando os limites do planeta real, espaço pequeno e fixo, criamos para nós, seres que sempre querem imitar seu antigo Deus, um universo virtual infinito, que se expande cada vez mais. O que temo é que depois da tristeza com a sua criação, e a expansão de seu universo, virá ao fim do sétimo dia o tão temido Apocalipse. Se continuarmos então a brincar de Deus, e a seguir os versículos da bíblia, iremos sucumbir em um final em que tudo será perdido. Mas quem sabe se deixarmos de sermos Homens, e voltarmos a ser animais, não esquecemos essa história de deus e voltamos definitivamente para o nosso paraíso, esse mundo tão belo que tá ai. Porque é simples a questão: Nossos maiores prazeres se dão quando deixamos de lado o pensamento racional que nos doma, e somos levados pelos instintos, que são meros reflexos causados pelas substâncias que nosso corpo produz, digeridos por nós como sentimentos e emoções. E assim com o mesmo pudor que temos do orgasmo, podamos todas as sensações boas que nosso corpo produz, e vivemos no automático. Um povo inteligente, rico, porém sem prazer. Prazer esse que estar em permitir-se ser animal. Pois o animal vive intensamente seu instinto, consequentemente todas as possíveis sensações. Então ampliemos essa gama de emoções que sentimos e vamos além do gol do futebol, que é uma coisa irracional que instintivamente gera euforia. O gol se transformou em instinto de quem gosta de futebol, levado a ser tido como muito bom, proporcionando uma explosão de sensações gostosinhas, uma vez que seu corpo libera uma enorme quantidade de Andrenalina e Endorfina na corrente sanguinea, refletindo no descontrole irracional que temos após o gol.

Viva então a condição de nossos antepassados, que tiveram vidas mais intensas, mais vividas, menos racionais, mais animais. Parem então de lutar por melhores condições no trabalho, lutem pelo prazer! Trabalhadores do mundo, uivemos!

terça-feira, 7 de junho de 2011

A possiblidade no impossivel.

A imposição do impossivel, gerou em nós escravos do perveso futuro, uma desmotivação do pensar. Levou a um estágio de ruminar o cotidiano, em uma eterna espera pelo fim da vida. Acordamos e ficamos contando as horas, para poder finalmente voltar para casa, nossas prisões de segurança moderada. Ficamos horas em estado de angústia e continuo stress, aguardando o momento de finalmente poder deitar, dormir, e se tudo der certo sonhar. Mas nosso sonhos quando existem, são apenas pesadelos com o nosso mundo. Renunciei a Bhbilonia e regressei meus instintos a um estado mais puro, que me permitesse sentir a realidade de forma mais drástica. O comum inaceitavel, é dificil de ser digerido por quem busca a verdade. Essa é mais que uma simples visão de mundo, ela é impactante, agressiva, triste, pois te traz a certeza que fizemos tudo errado. Deixamos de lado a vida coletiva para afundar em um egoismo nunca visto antes por nenhum povo. Vivemos no isolamento de uma vida moldada. Na triste ignorancia que nos transforma em espetadores de nossa própria existência. O que você faz que te deixa feliz? A felicidade se tornou o sentimento mais ingrato de nossa sociedade. Porque sempre alguem questiona o motivo de sua felicidade? Porque quando se está feliz alguem que não consegue se dar ao luxo de sorrir, lhe questiona o porque do riso? Os amigos são amigos principalmente nas boas horas, quando a vida é melhor vivida. Nas horas boas, os amigos são aqueles que vão junto de ti compartilhar a alegria, e não a invejar. Quem inveja alegria, demonstra sua nitida condição de quem aceita a derrota. Porque para essa pessoa, rir é impossivel. A felicidade se mostra o segredo da libertação, pois os homens livres são felizes. Essa é a prerrogativa maxima de nossa cultura, e ao mesmo tempo, a mais dificil de ser alcançada. Ser livre é impossivel, mas ser feliz sim. E é ai que mora o drama maior de nosso tempo. As poucas pessoas que encontraram a felicidade, têm de conviver, com o mar de gente que não é feliz. Os naufrágos da felicidade, sempre se veêm rodeados de uma inercia coletiva, que beira a surrealidade. Afinal, porque aceitam viver a amargura, ao inves da alegria? Aceitam coletivamente o fato de que tanto faz tanto fez, é impossivel mudar. E essa imposição da impossibilidade de mudança, facilita ainda mais a degradação do homem. E esse homem nada mais é que um triste ser vivo. Mesmo que para ele esse sentimento não exista, a triste existência de uma pessoa que vive do que você descartou, é para você, motivo suficiente para te deixar triste. E assim, a felicidade some, e a tristeza domina. E é nesse contexto funebre, que vivemos em busca de dias melhores, preferencialmente pós-morte. Porque defensores de um mito, acreditamos que ser feliz, é impossivel. Mas renuncie a essa lógica, e pense nisso:


Nada vence a Alegria!