segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Bye Bye Bhbilônia!

Despeço-me de Belo Horizonte em uma melancólica manha de primavera, banhada pela zona de convergência de umidade, que traz toda água do longínquo e mil metros abaixo Oceano Atlântico, e da não menos longínqua e mítica Amazônia. É muita umidade sobre nossas cabeças, e chove sem parar a três dias. Outra vez chegarei em Natal em uma terça-feira, dia bom pra mim de chegar nos lugares. Belo Horizonte vai deixar de ser meu lar e será a minha grande montanha russa, na qual sempre que vier será para me divertir. Amo BH radicalmente e é por isso que a estou deixando, pois assim como nos parques de diversões, há muita fila na metrópole, e pouca tempo de diversão. Como num relacionamento amoroso complicado, preciso dar um tempo da Bhbilônia, para recuperar minha alegria de vivencia-la ao maximo sempre. Vivendo cercado de montanhas acabo abusando daquilo que mais gosto na cidade, desgastando assim minha relação com ela, o prazer vai diminuindo. Belo Horizonte é uma cidade doida demais, e que é bom demais visita-la quando se conhece ela. E agora toda vez que vier aqui, vai ser muito doido, porque vou curtir demais esses lugares que curto freqüentar. Lá no litoral potiguar é tudo uma outra viagem, outro clima de vida. Essa cidade que tanto curtir, passará a ser um o melhor lugar do Brasil para se ir, pois será meu lar e meu parque de diversões. Saudades já sinto, mas preciso desse tempo, pra gente sentir saudade e poder voltar a ficar bem num futuro!

Bye bye Bhbilônia!

sábado, 19 de novembro de 2011

Deriva(S)Ativa

Derivar experienciar as possibilidades existentes na Bhbilônia, experiência essa como antítese do hábito. Estilo parque de diversão, curtir os “brinquedos” urbanos sem medo deles. A viagem de andar a noite pelo baixo centro sem medo.Curtir a assustadora montanha russa. Uma garrafa de cachaça é necessária para fazer a deriva. Não pela embriaguez, mas para entrar na onda do baixo centro, a onda eufórica alcoolizada de dispersão de sentidos que o álcool causa naqueles que vagam pela várzea. Sem o álcool não há como adentrar ao culto, e assim ao invés de derivar, irá se passar por um antropólogo urbano, o que não é o que buscamos com a prática da deriva. Sentir a cidade e o que ela transmite levará a um conhecer mais intenso do lugar, em uma experiência possível porém desvalorizada pelo medo dos ratos que habitam o lugar na noite. Consumir o que não é vendável, a cultura desvalorizada da várzea que não é vista como mercadoria, porque não se vende, é feita dos últimos homens que buscam a liberdade, nem que a custa de passar uma noite em claro, longe dos adestrados habitantes que em pesado sono, vagam por sonhos que nem eles mesmos criaram, sonham representações abstratas de uma vida melhor em relação ao próximo, com riquezas inúteis para ostentação. Os varzeanos vivem a liberdade noturna, de viver um espaço renegado a homens corajosos, pois ali é a região dos medos ocultos, onde uma pessoa classificada como “de bem” não pode ir. É como um condomínio fechado de luxo ou uma favela, só quem vive pode ter acesso. E é isso que buscamos com a experiência a ser feita pela várzea do Arrudas, região do baixo centro, uma experiência em uma territorialidade oculta na noite, exposta sob a luz laranja que tinge os varzeanos, para curtir um lugar “proibido” da cidade.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Luar Bhbilônico

Na barulhenta avenida que corta a Bhbilônia, desde a longínqua e quase mítica Venda Nova até o borbulhante centro da metrópole, aguardava ansiosamente a vinda de qualquer ônibus que me levasse a várzea do rio Arrudas. Estava ali sob a luz laranja noturna, hipnotizado pelo constante vir dos ônibus que a todo instante mudavam de numero, vintedoisquinzes, doimiliquatros, e por ai em verdes e azuis, aquelas gigantescas maquinas milagrosamente não assustavam aquelas pessoas, que como que em transe não percebiam o risco que corriam ali dentro daquelas coisas de aço e petróleo. Mas mesmo durante esse assustador momento, algo me chamou muita atenção, e era uma luz que surgia forte atrás de um barraco na borda oriental da avenida. Intrigado com aquilo, ficava na estressante duvida de olhar para a avenida ou para aquela misteriosa luz. Até quem num desando de encontro, meu ônibus veio, e tive que pegar ele. Ao entrar no ônibus que seguia rumo sul, em direção ao centro, eu consegui observar pela janela do motora, o que era aquela luz. Era uma imensa Lua Cheia que perdida em meio aos postes e prédios da Bhbilônia era pouco vista. Em um impulso Tilelê fiquei feliz, e passei pela roleta já curtindo aquela noite que pelo visto seria FORTE!

Em menos de meia hora estava cruzando o viaduto que me levaria até o baixo centro, a várzea por assim dizer. Desci na rua Caetés, rua de comércio popular diurno e ponto de diversos ônibus, porém a noite se torna hostil, sem vida, um tanto quanto estranha. Por meu ponto ser nessa rua, tenho certo carinho por ela, diríamos que uma relação boa com aquele lugar, pois vejo essa rua como um lugar importante pra mim na cidade, ali define-se o meio de chegar e partir, Estação Caetés! Assim que a chamo. Era uma gelada noite de julho, e o ar descia cortando as tribos do centro, logo desci para a várzea, cem metros distante do ponto. Descida suave, e num exaltar da fome, fui rangar um pastel no cinco por um real da esquina da Caetés com Bahia, o que certamente foi um erro, pois em pouco tempo meu estomago me agredia por dentro, já desanimando de tomar uma breja gelada lá no ultimo bar da Aarão Reis, rua Estação também, na várzea do Arrudas. Sob o viaduto Santereza encontrei uns amigos que em acelerados dizeres me contavam do que pegava na noite varzeana. Entorpecidos pela densa fumaça urbana, adentramos um espaço fechado destinado a uma livre apresentação de teatro. Mas não consegui ficar dentro daquele cubículo escuro, e sai fora pra tomar uma em qualquer outro lugar.

O vermelho na parede era ofuscado pelo branco que se seguia, num vigiar dos homens feitos por outros homens, conhecidos por nós varzeanos como homens. Esses homens pejorativamente falando, nos cercam a todo instante, mercenários pagos pelo Estado, ganham tão mal quanto qualquer um ali da várzea, e se sentem importantes. Ignoramo-os como se ignoram moscas no lixo, e seguimos em cambaleante e divertido caminhar, até topo do monte, o Edifico Maletta. Lá mandei o ultimo torresmo do lugar, e salvei minha vida por alguns instantes, pois logo após isso, encontrei uma turma diferente no mundo varzeano, a famosa Nata da Lama. Nesse contexto de difusão filosófica e lamística do encontro, me perdi em euforia alcoólica, deixando-me levar pela ocasião. Não me lembro muito dessa noite, só de seguir pelas ruas iluminadas não só pela nossa querida luz laranja, mas também pela Lua, que sumida das nossas vidas, conseguiu iluminar o mais profundo lugar da metrópole. Na várzea iluminada, me despedi dos amigos e segui rumo ao ponto de ônibus, lá na Estação Caetés, esquina com Espírito Santo. A lua deitava por trás da Afonso Pena em espetacular perspectiva, quando avistei a tão sonhada maquina que me levaria pra casa. Sai da várzea anestesiado pela endorfina necessária para seguir acordado sem dores pelo cansaço. Rumei norte, rumo a minha casa distante, mas naquele momento, muito desejada. A noite é o cenário de fundo do varzeano, sob a luz laranja tudo é mais vivo, mas sob o Luar Bhbilônico, tudo fica mais incrível. Memorável!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Varzear

Varzeava pela cidade, em busca de alegria e felicidade oferecidas pelos bares das paralelas e transversais ruas belorizontinas centrais. Sem sinal de cansaço, utilizando do ato de se embriagar mais e mais, para no fim em contida demência, cambalear pelos pontos de ônibus, dando aleatórios sinais para que algum motora parasse e me levasse embora. Longe de qualquer estresse o varzeano perambula pela várzea até que encontra na movimentada avenida comercial, sombria e vazia sob a luz laranja, um churrasquinho de rato que aqueles homens caçaram pela tarde. Um gole num latão molhado de uma água fria, não refresca nem mata a sede, só aumenta o enjôo que seu fígado em quase morte produz para lembrá-lo que antes de ser um sujeito varzeano, ele é um ser humano, bicho que sofre por saber que pode sofrer. E anda em ziguezague desviando dos falsos vultos que só ele vê, em um descontinuado passo de quem não quer crer. Crer ou não crer, eis a questão, e foi isso que me perguntaram no banco do busão quando voltava pra casa em sonolenta depressão. Era um crente demente, sem instrução, que berrava lá na frente que só Jesus é a salvação. Em relapso de sono, levantei e dei sinal, pedindo pro motora parar ali mesmo, pois meu fígado estava mal. Desci na borda da várzea, antes de sair do centro em direção de casa, e caminhei até um bar que jazia aberto entre bêbados e pedretes. Uma puta me ofereceu prazer, mas queria era um chá de boldo gelado para beber. Pedi água torneiral pois não tinha mais nenhum real, e encostado no balcão do bar, cochilei sem perceber. Acordei assustado com um tapa no ombro de um amigo que chegava ali quase no amanhecer. Disse pra mim que tava rolando um rock na casa de um amigo e me chamou para ir lá com ele pra ver, eu acordei em cambaleio, deslizei sobre o passeio e nem vi como lá cheguei. Só sei que subi as escadas, atravessei uma porta e adentrei o apê, que estava cheio de gente que mal conhecia, bebiam e fumavam num constante entorpecer. Avistei um sofá, e logo fui me deitar para ver se parava de girar o mundo que custava para entender. Minha coluna me agradecia por estar ali deitado, mas meu corpo estirado, só me causava sofrer. O dia ia amanhecendo, o centro se remoendo em apressado trançar de gente a correr, atrasados pro trabalho onde o chefe os esperava para dar o que fazer. Alguém me ofereceu café, mas era um migué, pois era catuaba com mé, difícil de descer. Um gole e tudo foi por agua abaixo, morri de cansaço depois de vomitar até morrer. Duas horas depois, em plena terça feira, eu desci tentando ir embora, pois o varzeano não agüenta quando o Sol começa a ferver. Desci pro ponto errado, mas ai aparece o acaso para me salvar de tanta loucura naquela noite que já era dia. Meu ônibus havia desviado, por motivo de batida em outra parte do centro, vindo diretamente a meu encontro me levar pra casa sem ao menos eu entender. Acordei no meu bairro, com a cara na janela, não havia resistido ao sono e quase do ponto eu passei. Quando avistei minha cama, tão quentinha e bacana, orei e rezei ao deus da várzea por mais um dia de culto a transcender. É que essa vida é marvada, mas é boa quando se descobre que não há motivo para se viver. E eu ali depois de descer do D, não sabia se era sonho o realidade, mas sei que em algum lugar dessa cidade, embaixo de ruas e avenidas, há rios a correr.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Varanda

Da varanda sagrada, vago por várias constelações.
Aqui do alto vejo a cidade, e suas ilusões.
O frio da montanha corta o rosto, congelando sensações.
Esquento o peito com um bom vinho, que altera as relações.
Deixa tudo mais amaciado, como boas recordações.
O céu embaçado de nuvens, esfria as percepções.
Escondendo o universo, mostrando as lamentações.
O rugido das maquinas, e a solidão das habitações.
Pessoas em suas casas, em variadas depressões.
Mais um gole e um trago, para acabar com as razões.
Sem final, sem destino, sem considerações!