terça-feira, 19 de março de 2013

Por um mundo além das Notas ou Escambo Livre


Ali parado em meio ao caos do trânsito, com um pneu furado e sem experiência alguma em trocar pneus, surge uma boa alma que me ajuda com o que sabe. Era um ex-borracheiro que vagava pela cidade, em busca de alguma solução para a vida que parecia ter tirado todas dele. Ali cercado por homens invisíveis, na hora do rush e sem perspectivas, um homem aleatório que não tinha nenhum motivo para parar, me oferece ajuda e me tira daquela situação chata de ter se tornado refém do carro. No fim de tudo, antes de ir ele sugere uma gorjeta, mas eu sem dinheiro só tinha pizza para retribuir. E ficou nisso, dei uma pizza para ele dar pros filhos comer em troca do esforço na troca do pneu. Nada mais justo que trocar o meu trabalho pelo trabalho dele, e a troca sem necessidade de dinheiro se fez incrivelmente simples e todos saíram ganhando. Às vezes penso realmente que a economia baseada na troca e na honestidade consigo mesmo é uma das soluções para essa crise capitalista em que o valor do dinheiro não existe. E já que não existe, porque não trocarmos nossas habilidades sem necessidade de concorrer? Que tal trocarmos nossas habilidades para nos ajudar a crescer enquanto espécie e acabar com essas ridículas formas de ostentação? O caminho as vezes parece repleto de obstáculos, mas sempre tem alguém ali disposto pra te ajudar, e se você também está disposto a ajudar alguém, ai o ciclo se retroalimenta e podemos viver tranquilos, pois saberemos sempre que teremos alguém ali na esquina caso tenhamos necessidade. Num mundo onde a troca se perdeu no irrealismo do papel moeda, o escambo livre se torna uma boa opção.

E você, pode ajudar como?

segunda-feira, 4 de março de 2013

Bem Vindo a Bhbilônia

Bem vindo a Belo Horizonte nesse inicio de seculo XXI. A cidade está empoeirada nos desculpem, mas é que estamos trabalhando eternamente sem saber porque ainda, mas trabalhandos arduamente para isso. Se você não se importar, o transito deixou de existir e se chama engarrafamento, e nós seres que nos adaptamos a tudo, inventamos o ar condicionado e o mp3 player. Se precisar, crianças estarão nos sinais vendendo água para que você possa se refrescar. Não se assuste se não encontrar nenhum rio visível  mas é que cobrimos ele para que você possa estar parado nesse engarrafamento. O topo da montanha? Não, não precisa ir lá, alias se quiser custa R$15,00, e sugiro não ir para não ver o tamanho da encrenca em que nos metemos. Se mesmo assim insistir em subir a montanha, sugiro que faça rápido então, antes que as mineradoras acabem com elas. É costume por essas terras, afinal temos a alcunha de mineiros. Não se importe se acaso houver uma manifestação acontecendo pela cidade, elas são normais, fazem parte da cultura do povo achar que está tudo ruim. Mas logo passa, é só deixar a moda acabar. O senhor quer comer alguma coisa? Ora, que magnífico, nossa culinária é uma das melhores do mundo, e por aqui se andar pelo centro da cidade irá encontrar inúmeras lanchonetes. Hum você não come pastel? Nem nada frito ou coisas gordurosas? Ora mas também, você está sendo muito exigente. Vamos então a um bar onde tem comida de buteco, coisa boa de minas. A você não bebe? Bem, então que raios veio fazer numa cidade alcoólatra  Meu senhor veja bem, nossa cidade não tem mar, não tem rio, não tem mata, não tem mais a serra, nada mais restou de natureza. Mas em compensação somos a cidade no mundo com a maior concentração de bares , o que é uma honra para os alcoólatras  Pense numa cidade onde a cada três comercios um é um buteco! Você ainda insiste em querer ir a um parque. Bem, já se passaram das 17h da tarde e todos os parques foram fechados. É costume daqui, descobriram que se os parques estivessem abertos, os bares ficariam vazios. Mas nossa cidade é acolhedora, vamos, vou levar você ao meu condominio de segurança máxima. Veja que bonito, juntamos milhares de pessoas em um pequeno espaço e empilhamos uma sobre as outras. Elas acham lindo a vista do apartamento do lado, nunca as vi reclamando. Você procura uma casa simpatica? Bem vamos então a periferia distante, onde o mercado imobiliario ainda não chegou. Ixi, acho que me enganei, só os milhonários permanecem em boas casas, mas isso não é um problema nosso né, convenhamos que o povo parece criança e se nós os donos da cidade não temos que ensinar todo mundo a construir uma casa decente. A parte histórica? Beagá é a história moderna, nada aqui é velho, se quiser velharia tens de subir as montanhas até Ouro Preto, mas lá é tudo mofado, melhor é ir na lagoa da Pampulha ver as modernas instalações do Mineirão. Há não tem nenhuma árvore e o senhor não quer o Sol te incomodando? Bem aqui no Mineirão não vai ser possivel resolver, mas você pode ir lá pra orla quem sabe. O cheiro te incomoda? Mas que sensibilidade olfativa é essa meu caro senhor. Você deveria fazer como nós, que de tanto respirar poeira com fumaça automobilistica, perdemos nossa sensibilidade olfativa e alias estamos sempre com os narizes entupidos. Coisa de gente de boa saúde dizem aqui nessas áreas. Ora, o senhor que ir embora daqui já assim tão rápido? Mas você nem tomou uma cerveja nem comprou uma cachacinha no Mercado Central! É mesmo, esqueci que você não bebem. Pois então sugiro que saia por agora, pois daqui até o aeroporto são pra mais de 2 horas de viagem, melhor não dar mole e não perder o voo. Bem até mais senhor, espero que tenha gostado da visita, os belorizontinos agradecem a visita, e esperam que você retorne um pouco mais alcoólatra para aproveitar mais a cidade.


Duas horas depois:

Alo!? Perdeu o voo? É falei para não ir pela linha verde, ia tá com certeza garrada...