sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Tic Tac ou Dois Mil e Quatorze Depois de Cristo

Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,

Num pedaço de espaço,
O tempo é registrado pela dança dos átomos,
Que a consciência interpreta como matéria.
Iludindo-se ao procurar respostas para todas as perguntas eternas.
De onde viemos?
Quem somos nós?
Por que raios estamos vivendo essa vida em meio a tantas guerras?
Se há paz em algum local,
Se tornou rara;
O que é interessante para o capital,
Afinal é preciso que ela seja cara.
Mas a paz comprada,
É a ilusão mor de nossa estúpida sociedade armada.
Que mata, mata, mata,
Sem saber porque faz.
Culpa a bíblia, o mal, satanás.
E se esquece que a indústria da violência exige que se mate cada vez mais.
Dá lucro vender a bala, a arma, e a lápide onde jaz.

Temei irmãos, Temei!
Temei ao próximo como a ti mesmo!
Diz o espelho,
Refletindo por inteiro,
O seu maior medo.
O rosto deslocado do padrão estético.
As medidas corporais maiores que as permitidas pelo Inmetro.
O coração isolado sem ninguém com quem conversar por perto,
O jeito então é se drogar
Engolindo uma dúzia de remédios.
E no auge da overdose de bulas,
Grita para o vizinho que um dia irá dizer a todos aquilo que no fundo sente.

Ainda grogue,
Cambaleia até o banheiro,
Abre o chuveiro,
Molho o corpo,
E mente!
Mente para si mesmo,
Dizendo para o suor dos azulejos,
Que ninguém terá o direito,
De dizer qual será sua aparência,
Nem menosprezará suas crenças,
Por que no fundo de nossa alma,
Há toda a energia do Universo,
Que nos catapultou,
Nessa existência,
Sem nos dar a bendita paciência,
Necessária para existir!

Aliviado por um instante,
Sorri,
Rasteja até o quarto,
Mas do chão a cama,
E deita,
E dorme,
E sonha...

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmmmmm
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmmmmm

Estuprado pelo tempo,
Escravizado pelo argumento de que a vida é isso mesmo,
Levanta em desalento em mais um dia de sofrimento,
Nesse convívio autista,
Esperando que no fim da missa o messias volte para lhe salvar,
Do apocalipse capitalista.

Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,
Tic Tac,