segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Do Silêncio!


                Shiiiiiiiiiiii!!!
Um minuto de silêncio.
Esse é o tempo,
Que as mulheres tem pra dizer.
Uma vida em silêncio!
Shiiiiiiiiiiiiiiii...
Pro marido não lhe bater!

Não bate nela, Não bate nela, Não bate nela!!!

Eu ouvia todo dia o filho do vizinho gritando pela janela.
Tapa na cara, chute no chão.
Noutro dia vela, velório, caixão.
A família inteira em prantos,
A vizinhança chocada.
A violência contra mulher vista apenas como estatística,
Fica banalizada,
Então tens de se dizer na lata,
Mas oh... silêncio!
Tá escrito ali na placa.

Uma arma em casa,
Um homem traído se revolta ao ver a mulher amada,
Na cama, com outro cara.
Naquela hora desesperada,
Pega a arma, coloca a bala,
Caminha em desalento frustrante,
Esquecendo que após a ação adiante,
Não poderá voltar atrás.
Um movimento em falso.
Tum!
Nos jornais,
Noutro dia,
A manchete estampada dizia:
Corno descobre traição e mata a vadia!

Na vida real não se encena a cena,
Mas quantas vezes ela não se repete?
Então desligue a teve,
Pois o datena só tem a lhe vender,
O ibope da morte que lhe faz temer,
E com medo a violência só tende a crescer,
E o amor meu amor, onde será que está você?
Não aguentei a dor de te perder, e fui pra cima de você  meu amor.
Porque você deveria ser única e exclusivamente minha,
Sua cadela, sua safada!
Você nunca mais será por ninguém amada!
Minha amada...

Teu sangue vermelho derramado no chão,
Fruto desse maldito dogma de nossa civilização,
A sociedade do ter,
O egoismo latente,
O individualismo estúpido que transforma outro ser humano,
Num diferente,
Como se isso fosse o suficiente,
Para atacarmos o próximo.
Sem saber reconhecer que o verdadeiro inimigo está dentro de nós.
E que nessa guerra contra o ego lutaremos sempre a sós.
Mas nunca,
Sozinhos!

Por isso, o pão nosso de cada dia multiplicai-vos hoje.
Pois se dividirmos o pão,
Ninguém ficará com um bom bocado.
Mas se cada um trouxe o seu pão,
Ai então,
Teremos um banquete,
E sairemos todos contentes,
Completamente extasiados.

Na sociedade do não me toque,
Eu exijo um abraço!
Uma vez que imersos na virtualidade,
Abandonamos o tato.
E sem tato,
Não há contato,
E sem contato,
Não há humanidade,
E sem humanidade,
Só há,
Silêncio!