Essa história aconteceu há alguns anos atrás no meio da década
de 90. Eu tinha apenas seis anos e estava na casa de um coleguinha quando
resolvi voltar para casa pois já era hora da minha mãe chegar do trabalho.
Despedi dele e de sua mãe e desci pulando as escadas do prédio. Cheguei no
portão naquele horário de fim de dia, em que já tá escuro e as luzes ainda não
foram todas acesas, e dei de frente com
um vulto parado bem na saída do prédio. Logo fiquei assustado e na minha cabeça
infantil aquele vulto negro na porta só poderia ser o homem do saco, que na
minha imaginação era um mendigo. Fiquei apavorado com medo do homem me levar
embora para um lugar onde ninguém sabia , e voltei correndo para o apartamento
do meu coleguinha subindo as escadas em desespero. Cheguei branco e sem
conseguir falar direito, e quando a mãe do meu amigo me viu ficou muito
assustada. Perguntava enlouquecidamente o que tinha acontecido e eu só consegui
responder:
- Eu vi um mendigo!
Ela nem quis saber aonde e já entrou num pânico paranóico,
pois naquela época selvagem a rua deixara de ser um bom lugar e havia se
tornado perigosa cheia de pivetes e moradores de rua por todos os lados. Era o
cumulo pra ela que houvesse um mendigo na porta de sua casa, e logo saiu do
apartamento e foi até a vizinha. Chamou na porta e uma senhora apareceu vestida
com um avental, e quando ficou sabendo do ocorrido, mudou de cor na hora e em
tremedeira teve de se sentar. Comecei a ficar com mais medo ainda, afinal ver
os adultos tendo aquelas reações só poderia significar que era algo muito
grave. Em pouco tempo todos os moradores do prédio estavam reunidos na sala da
senhora de avental e tagarelavam em descordo sobre o fato, uns dizendo se
tratar de uma invasão, outros do fim da privacidade, alguns queriam descer e
bater no coitado do mendigo e por fim no meio de toda algazarra a policia foi
chamada.
Cinco minutos depois a policia chegou no prédio e tocou no apartamento. Queriam saber o que estavam acontecendo e onde estava o mendigo que tentara invadir o prédio. Os moradores foram descendo bem devagar até o portão e quando chegaram lá não havia mendigo nenhum. O policial sem entender nada perguntou se ele não havia pulado o portão, ou fugido, e nesse momento os moradores perceberam que eles não sabiam realmente se o mendigo estava ou não no portão. De repente todos viram que tinham sido enganados por uma criança de seis anos, e acharam que era uma brincadeira minha. Foram enganados pela imaginação infantil e com o preconceito enraizado na alma, não pararam para ver que tudo aquilo só aconteceu porque tiveram medo de outro ser humano. Mas naquela noite ninguém havia pensado nisso, só eu que passei ela em claro, pensando no ocorrido ali de castigo no meu quarto.
Cinco minutos depois a policia chegou no prédio e tocou no apartamento. Queriam saber o que estavam acontecendo e onde estava o mendigo que tentara invadir o prédio. Os moradores foram descendo bem devagar até o portão e quando chegaram lá não havia mendigo nenhum. O policial sem entender nada perguntou se ele não havia pulado o portão, ou fugido, e nesse momento os moradores perceberam que eles não sabiam realmente se o mendigo estava ou não no portão. De repente todos viram que tinham sido enganados por uma criança de seis anos, e acharam que era uma brincadeira minha. Foram enganados pela imaginação infantil e com o preconceito enraizado na alma, não pararam para ver que tudo aquilo só aconteceu porque tiveram medo de outro ser humano. Mas naquela noite ninguém havia pensado nisso, só eu que passei ela em claro, pensando no ocorrido ali de castigo no meu quarto.