sábado, 27 de fevereiro de 2010

A principio. Eu sou a sociedade.

A principio eu sou uma contradição. Reclamo do mundo que vivo, mas não quero que o mundo mude. Aliás o mundo não precisa mudar. As pessoas que precisam.

Eu vou ao mercado, SUPERmercado, HIPERmercado e lá eu sacio todas as minhas necessidades. Inclusive aquelas que eu não tenho. Aliás o supermercado é um sonho realizado. Lá é onde todas as propagandas da TV se encontram num unico lugar. Eu adoro TV. Fico feliz em saber que todas as coisas que ela mostra, existe em um lugar. Realizar as vontades que ela me impõe é um alivio. Tira o peso das costas de não obedece-la.

Eu gosto de consumir. Sumir com tudo. Usar. Descartar.

Até nossos sentimentos são descartaveis. Eles mudam rapido e drasticamente.

A chuva na janela outrora era o tédio. O tempo não passava, e não existia remédio.
A chuva hoje na janela é só mais um momento. A TV nos alivia de olhar para fora e ver a dura realidade. A TV é a melhor janela. Pois nos mostra a verdade.

A internet mudou o mundo. Transformou o real em virtual e as pessoas em caracteres. Ainda bem. As pessoas do mundo são muito chatas. Evitar contato é o melhor que fazemos. Contato só pela internet.

Ai eu queria trabalhar na TV. Ver de perto a verdade real que ela nos transmite. Aqui é tudo sem sal. Não existe efeito especial.

A chuva não cai mais na minha janela. Eu fechei a cortina. O escurinho do dia reflete a claridade da noite. Luz laranja. Como eu gosto dela.

Eu gosto de tomar Sol. Porque assim eu posso consumir. Consumir o protetor solar.

Eu gosto de onibus cheio. Porque é o unico momento que tenho contato com outras pessoas. Mas contato fisico. Não quero falar com elas. Elas não me entenderiam. Elas estão ocupadas. Pensando apenas no que comprar.

Eu não gosto de trabalhar. Mas eles me obrigam. Mas depois que comecei a ganhar dinheiro, eu pude consumir muito mais. Adoro consumir, consumo ou sem sumo. A laranja é a fruta mais gostosa que existe. Pois ela vem numa caixa com gosto amargo. Amarelinha e com um simbolo que me atrai. Coca-Cola Company!

Eu adoro coca cola. Eu queria cheirar coca. Mas é proibido. Então alivio essa necessidade tomando Coca. Tem coca ai na geladeira? Se derramar, todo mundo cheira.

Gosto de sinal fechado. Gosto do vermelho. Me lembra Coca.

Sou viciado em engarrafamento. Engarrafar me lembra Coca.

Invejo os meninos do sinal. Sempre estão lá, vendo o sinal vermelho. O transito engarrafado, e ainda por cima estão cheirando cola. Coca e Cola !

Odeio Natal. Mas gosto de consumir. Odeio a igreja. Mas nunca deixo de na missa ir. Odeio a ostea. Ela não tem gosto de nada. Cristo tem um corpo estranho e fora de forma. Redondo e fininho e sem gosto de nada. Ostea deve ser bom com Coca.

Odeio politica. Porque odeio ladrão. Mas eu votei na ultima eleição. Mas não me lembro em quem. Eu queria vender meu voto, mas ninguem quis comprar.

Eu queria ir para a praia. Mas ela está muito longe. Então vejo televisão e tomo Coca.

Eu tenho que viajar. Mas não consigo sair do lugar. É perigoso.

Eu queria viajar. Mas a televisão já me mostrou o mundo inteiro. Preguiça de levantar agora cedo do meu travesseiro, e me arriscar por lugares que não tem importancia. Quero a segurança do meu lar. Segurança é sempre bom. Contratei um para me vigiar. Assim me sinto protegido em todo lugar.

Eu queria fazer muita coisa. Mas pra que? Bom mesmo é ver TV!

Queria estudar. Mas não gosto de ler. Queria aprender as coisas, para responder os porques.

A sociedade é estranha. Mas eu gosto dela. Me da carinho e proteção, e os capitulos da novela!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Herança da/de Terra.

É engraçado como a nossa sociedade é completamente maluca com coisas sem nexo nenhum. Por exemplo, algo que estive pensando esses dias, sobre a propriedade da terra. O exemplo é comigo mesmo, eu sou herdeiro de uma grande quantidade de terra no norte de Minas, uma grande area de caatinga quase na divisa com a Bahia. É a antiga fazenda algodooeira de meu bizavo. No inicio do sex XX, eu sei la como meu bizavo tinha uma grande fazenda que plantava algodão. Depois da segunda guerra o negocio caiu muito, e ele foi obrigado a parar com a plantação e logo depois veio a falecer. Ai começou algo engraçado que é a famosa herança. Os filhos herdeiros daquela terra que ali por direito era suas, por terem nascidos e vividos ali a vida toda.Repartiram-na entre os irmãos, e com o passar do tempo, começaram a vender pequenos lotes da fazenda. Bem adiantando no tempo, chegamos ao sec XXI, onde meu pai herdeiro da parte de meu avô, dividindo essa parte com os irmaos, chega a uma pequena area se comparada com a fazenda antiga, mas ainda bem grande, com alguns hectares. Nessa historia toda, donada eu que nunca vivi por lá, que só estive nessas terras uma vez na vida, serei no futuro por questão de um contrato de herança o DONO dessas terras. Terras essas que teriam muito mais serventia nas mãos de outras pessoas. Gente da terra. Gente que conhece e vive lá, e que não tem por conta de uma historica injustiça, a chance de ter uma terra. Não tiveram a sorte de terem em sua árvore genealogica alguem que possuisse terras, e assim vivem em pequenos lotes, ou mesmo vão para as cidades se enfavelarem. Eu aqui a 740km de distância, sentado na frente do computador, tenho mais posse lá do que os proprios moradores de lá.

Simples, nada demais. Mas quando eu percebi o tamanho da encrenca, fiquei assustado. Que raios é isso deu possuir algo que eu nem sei o que é? De onde seria justo com qualquer lógica que eu tenha a posse de um lugar que eu raramente fui? É impressionante perceber o MAL que faz a toda a HUMANIDADE a tal da propriedade da terra. A Terra nossa casa, não é para ser repartida em pedaços e divida entre pessoas. É impressionante a capacidade que nossa sociedade ocidental tem de atribuir VALOR as coisas. A terra que pertencerá no futuro a mim, não faz sentido. Serei dono de chão. Terra. Poderei cercar, murar e impedir que todos passem por ali. Poderei fazer um castelo e reinar num reino só meu. Fico assustado pensando nisso, ter algo que eu não deveria ter. Ter posse de um território. As vezes daqui a algum tempo eu veja isso de forma diferente, pode até ser minha salvação finaceira, VENDER TERRA, ou então ir pra lá, embrenhar no sertão, e viver a dura vida dessa gente sofrida que não possui o direito de ter a terra, que ela trabalha, molda e vive.

Fico pensando em vender uns lotes por lá e comprar em outro lugar um pedaço de chão para viver. Engraçado esse tipo de idéia e pensamento, porque por mim, tudo seria de todo mundo, mas nossa sociedade nao deixa ser assim. E impoe burocraticamente uma forma de se passar o reinado pelo sangue. Mesmo tanto tempo depois, os reis ainda são o molde de nossas burocracias. Passando de geração a geração, heranças. Não de conhecimento, não de ensinamentos, nem de historias. Heranças materiais. Terra.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Vida boa...

Na praia esses dias atoa aqui em São Miguel do Gostoso, percebendo o quanto o céu, o mar e a terra se interagem constantemente, me passa um sujeito e grita, "o vida boa..." Dai veio algo em minha cabeça. Isso seria um elogio? ou apenas a constatação de que a Vida é boa?

Bem por que raios a vida deveria de ser ruim? Estamos aqui donada nessa jornada maluca e ai nossa sociedade impõe algo assustador. A VIDA NÃO PODE SER BOA. Desde muito tempo existe nas religiões e nos impérios e estados algo que diz a todo tempo que a vida terrena não pode ser boa. Ela deve ser sofrida, castigada, trabalhar todo o tempo, para depois MORRER e ai sim você tera uma vida boa. Perai. Depois de morrer? Depois de morrer eu nao terei mais vida oras, e ai de que adianta esperar a vida acabar para te-la boa? Nao, nem faz sentido, a vida tem que ser boa aqui. AGORA. Na Terra, esse lugar maravilhoso, cheio de coisas que estao ai para nos aliviar e mostrar que tudo isso tem que ser divertido, tem que ser legal, tem que ser vivido e aproveitado. Acredito hoje depois de passar uma semana aqui em Gostoso que a vida é boa, e pode ser boa para todo mundo. Sem papo piegas, mas sei que eh dificil , mas ainda sim acredito que se as pessoas quisessem levar uma vida tranquila e relativamente boa, é muito facil. Mas no caos da escravidao da metropole, é impossivel mesmo ter uma vida boa. Ai a vida fica sofrida, esmagada, e as pessoas torcem para o tempo passar o mais rapido possivel, para acho que no fim, elas poderem levar uma vida boa, depois de aposentarem, depois de deixarem esse mundo.

Levo a vida numa boa e muito boa, porque decidi que minha vida será assim. E vai ser, e tem tudo para continuar sendo. Muitas duvidas e questoes apareceram na minha frente, muitas novas possibilidades tambem. Agora é soh saber de verdade o que eu quero pra vida. Mas sei que ela sera boa.

Viva a Vida!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Paz vs Capital...

A questão é simples. Eu quero apenas viver em paz.
A paz representa o mais puro estado do ser humano. Onde a felicidade, a boa saúde e a sabedoria se encontram no momento de maior harmonia.
A paz em nossa sociedade é erroneamente vista, como ócio.
Ócio é sinal de preguiça.
Preguiça sugere um não trabalho.
Não trabalhar é não (re)produzir capital.
E isso vai contra nossa sociedade capitalista.
Logo...

Nossa sociedade interpreta atos de paz, como atos improdutivos para o mercado. Mercado esse que precisa devorar a vida dos seres humanos e do planeta Terra, para conseguir se manter vivo. Como fazer então, para buscarmos a paz?

Findando o capitalismo.

E depois...

Depois do caos, reinara de vez a Paz.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Você é tão legal !!!

O tempo passou, eu imaginei, pensei, sonhei e agora to aqui realizando mais um desejo. Esse blog e a prova que eu tenho feito ultimamente, e ele mostra o tanto de desejo que realizei. Nem consigo explicar isso, brinco com todos que em outra vida eu fui uma pessoa boa e agora nessa estou sendo recompensado. Vivo feliz demais ultimamente, cheio de momentos surreais, descobertas, acasos, ideias. Muitas coias surge em minha cabeça e eu mal consigo digeri-las. Pensei em milhares de coisas para escrever aqui mas nem consegui escrever. Uma enchurrada de pensamentos veio e misturou tudo. Preciso de tempo para voltar ao blog com calma e escrever tudo aquilo que pensei nos ultimos tempos. Agora so consigo pensar em uma coisa... Como é bom realizar suas vontades, seus desejos, seus sonhos. Ja pensei aqui na minha monografia e em como irei realiza-la, estou feliz por isso, tirei um peso de minha cabeça, agora eh so fazer. Por enquanto vou ficando aqui por Gostoso, aproveitando ao maximo a breve estadia.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

de novo...Gostoso...

Parece mentira, mas não é...estou de volta ao lugar que mais tinha quisto vir ano passado. Bom demais essa parceria de querer e ir. São Miguel do Gostoso, ta bonito como sempre, com seus espetaculos cotidianos, e sua paz corriqueira, mesmo em plena sexta de carnaval. Hoje sentado no entardecer com os pés balançando no ar sobre um banco de areia que era devorado pelo mar que logo a abaixo se jogava, fiquei horas vendo o quanto é bonita toda a complexa simplicidade dos ritmos da natureza. É tudo diferente, tem de se mudar a escala do tempo. Diminuir tudo e ai perceberá o quão magnifica é essa nossa experiencia sobre o planeta Terra. Areia, mar e vento. Os tres ingredientes que compõe basicamente todas as praias. E mesmo assim todas tão diferentes. Os agentes são os mesmos, as regras também, e eu ali sentado vendo tudo acontecer diante dos meus olhos, encarei tudo aquilo mais uma vez como uma grande sorte de poder estar diante disso tudo. Ver o mar atacar a areia, se lançando impiedosamente contra ela, e o vento que leva a areia para muito longe de seu lugar de origem, tudo junto ali transformando o espaço bem diante de mim. Em pouco tempo o cenario a minha volta ja nao era mais o mesmo. Estava diferente, o barranco mais comido de um lado, o mar batendo de outro jeito agora, o vento trouxe um pedaço de madeira que ficou preso entre a areia e o mar e mudou drasticamente a direção da erosão que estava rolando. Mas como ouvi uma vez, na praia assim, não há erosão, é apenas o corriqueiro ir e vir das mares, do mar, da areia. Tudo claramente regulamentado pela Lua que tão distante, controla o mar, a agua, toda aquela imensidão a minha frente. Gosto desse lugar, dessas coisas, dessa geografia. Saudade de geografizar espaços tão diferentes dos de costume ... To FELIZ...fazendo o que gosto...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Guimarães Rosa, Gerais, Saudade...

To aqui, em riba no nordeste. Em Natal. Cidade do Sol. Com saudade por demais de minha terra. Mais que da terra das pessoas. Saudade tambem das serras. Nas horas da saudade, um bom livro ajuda mata-la, e Guimarães Rosa eh o mestre disso. Prum mineiro como eu, ler guimarães me faz voltar a minha terra e da pra matar a saudade com força, mas depois que para de ler da mais vontade ainda de ver essas gerais. Muitas memorias de minha infancia retornam ao ler as historias, imaginando e lembrando das vezes que ia na roça, brincava de tudo que se podia brincar na terra, nas arvores, no açude, com os cachorros, os bichos , a casona grande, fazenda antiga, fogao a lenha, comida gostosa. Saudades dessas lembranças boas que a tempos estavam perdidas no monte de coisas que ficam na nossa cabeça. Esses dias senti uma saudade gostosa desse tempo, e uma vontade de viver isso denovo...será que consigo? Quero viver aqui no nordeste mais tempo, curtir essa outra realidade, mas por enquanto vou ficando por aqui, só na saudade...