sábado, 23 de janeiro de 2010

essa realidade...

Aqui em Natal tudo é muito diferente. É estranho e só percebi nessa volta agora. Outrora a vinda aqui seria apenas para passeio, uma rapida passagem assim como foi em Maceió. Mas agora, estou aqui como se estivesse em casa. Igual quando ia pra Juiz de Fora quando pequeno, e chegava lá e entrava na realidade que havia criado para mim lá. Aqui em Natal tudo é diferente, ver um por do sol na praia é algo tão comum que não chega a ser algo tão surreal como quando se está viajando. Mas mesmo assim o por do sol é maravilhoso, as cores do céu aqui são diferentes, a inclinação do sol, sei lá aqui tudo é mais avermelhado em comparação com BH que eu sempre acho mais alaranjado. Aqui as cores são mais suaves, e o calor transforma as sensações corporais, e assim qualquer brisinha mais forte ja lhe faz sentir um friozinho de praia. Adoro os alisios no rosto ao entardecer, e no começo da noite, quando o vento fresco do atlantico refresca o ar quente do continente. É diferente das gerais, do clima, da altitude. Eu achava que era viagem minha isso da pressão atmosferica, mas agora eu percebo isso bastante, sei lá sou sensivel a esse tipo de coisa. Em BH quando me dou conta sinto claramente que estou em um lugar alto, e aqui sempre me sinto muito no nivel do mar. Mesmo no meio da cidade aparentando estar em BH eu sei que não estou um pouco por isso. Mas isso eh viagem minha. Quanto a realidade, ela é engraçada aqui, pois aqui tudo que eu imagino e desejo acontece rapidamente de maneiras engraçadas e sempre melhores do que havia imaginado. Que continue assim sempre.

Amanha embarcarei na minha primeira Surf Trip planejada, e vamo que vamo pois isso é algo que desejei muito. De tudo que quis e imaginei, só a saudade de mãe não matei... mas da pra aguentar...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

M&M's...

Miseria & Marajás...

No estado de alagoas, a miséria é constante. Nos dias que passei por esse estado, observei atentamente a violência explicita da condição sub-humana de inumeras pessoas. Na Feira do Rato, eu entendi o porque do nome. Não é porque tem muitos ratos, mas é que as pessoas do lugar vivem como eles. Vivem no lixo e do lixo. Dormem sobre os restos da sociedade que os tornam invisiveis. Maceió e a terra do esgoto a céu aberto, coisas que no sudeste nem pensamos mais existir, mas na realidade desse país, é só mais um lugar assim. Sem saneamento, sem direito a água de boa qualidade, os moradores miseraveis da cidade sobrevivem do resto. Mas isso não é a pior parte, nem o que mais me chocou nessa breve passagem pela capital alagoana. Existia um lugar, a tal praia do Gunga, uma das mais belas do país, onde os barões da cana vão passar o final de semana nos seus iates e lanchas. Esse lugar me deixou mal, me deu nauseas, me violentou visualmente e me fez querer sair de lá. A baia na praia era o lugar dos barões da cana no estado que só existe uma cultura plantada, a cultura dos Marajás. Famosos como o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, os marajás alagoanos esbanjavam sua soberba perante a miséria que os rodeava, sem o menor escrúpulo. A cena que mais me atormentava, não era o miseravel comendo o lixo, nem o alto indice de homicidios da capital, mas sim a imagem do mordomo escravo que descia do iate, entrava na agua e ia com ela na cintura até o seu senhor encher-lhe mais uma taça de champagne. O marajá não se mexia, apenas acenava ao seu escravo que lhe trouxesse mais uma taça. Sei que isso é comum , e nas terras gerais concerteza existem inumeros escravos ditos criados que exercem funções grotescamente piores, mas o fato é que numa praia, num lugar belo, os ricos não queriam nem se mexer para não desgastarem sua gordura acumulada em anos e anos de churrascarias. O escravo trabalhava domingo, no sol, levando ao seu amo a libertinagem do alcool. O harém do marajá era formado por moças que tomavam sol na beira do iate, enquanto os marajas discutiam qual a cor do proximo conversivel que eles iriam comprar. O contraste social gritante irrita, causa nauseas, te deixa incomodado. Não há como pensar em viver com um escravo, numa sociedade que luta todo dia por comida. Não há como não irritar-se ao ver que depois daquele dia a baia, em que se encontravam os marajas em suas barcas tecnologicas, estava toda suja de restos de comida. Rodelas de tomates, folhas de alfaces, espinhas de peixe, arroz e farova boiavam na agua. Além da soberba com que vivem os marajás, eles sujam tudo, pois sabem que na sujeira que produzem vivem os seus conterraneos e quanto mais sujam, mais lixo há para os ratos comerem. Senhores feudais do seculo XXI, armados com capital, impõem a alguns uma vida sub-humana, mas eles não estão nem ai, pois afinal o que eles podem fazer, se eles são apenas os governantes daquela terra.

Alagoas é um estado pobre, mas muito mais que financeiramente, pobre de espirito, de humanidade, que em alguns momentos me deixou nauseado pela gritante diferença social, e toda a sua beleza se perde ao se ver o homos-abutris vivendo em toda parte. Assim como em Recife, a miséria choca, mas a soberba dos marajás é algo que além de tudo irrita. Ainda bem que saí de lá, mas infelizmente a miséria não.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cidade do Sol

De volta ao lugar mais bonito do nordeste. A capital potiguar, cidade do sol. Como gosto desse lugar. A poucas horas aqui ja sinto uma felicidade que só esse lugar consegue me proporcionar. Depois de 9 dias de rock bruto, viagens, lugares maravilhoso, encontros e desencontros, e um ENEG inteiro no meio disso tudo, agora só quero descansar. Muitas ideias serão colocadas aqui, mas por agora eu so quero é sussego...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Lá vou eu denovo...

E lá vou eu denovo, 6 meses depois ja estou embarcando de volta pro nordeste. Coisa boa, nem creio que estou tendo essa oportunidade denovo, mas ela foi construida ao longo de muito pensamento positivo, muito esforço coletivo, e muito sonho. Realizando mais um desejo , vou indo denovo pro nordeste, pras terras alagoanas, que não só me aguardam com o calor do nordeste, mas me aguarda com o ENEG. O maior evento da terra, 24 meses esperei por ele, e agora mais uma vez estarei indo. Felicidade plena, com todos os meus amigos, prum lugar paradisiaco, e depois nada de voltar, embarcar pra Natal, capital potiguar, meu segundo lar. Coisa boa, que a vida continue boa, que tudo de certo e que em breve eu postarei aqui contando os causos bons das novas percepções adquiridas nessa nova fase nordestina. Um viva ao nordeste, um viva a Geografia que me possibilita denovo isso!!!

Viva, Vivaaaa , Viva a Geografia a minha Vida !!!

VIVA !!! VIVA!!!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O mundo dentro do circulo de luz...

No alto do morro, na serra ao vento, sob um céu de estrelas tão grande que causa um certo medo. Medo de se perder por ai no espaço sideral, no infinito de estrelas e galaxias, no frio além de nosso adoravel planeta. No escuro refrescante das estrelas, tinha um caminho longo a ser feito. Descer no escuro uma trilha com um precipicio ao seu lado não é uma coisa simples de se fazer. O vento que corta e esfria seus ossos, quase te empurra penhasco abaixo. Mas ao mesmo tempo que o perigo ronda o seu lado, que cada passo dado pode ser o errado, que cada pensamento que vem é o de uma cama quente, você nota que não sente medo. Porque você não enxerga o perigo. No escuro da noite, a luz da lanterna era o meu mundo. Cada passo era dado exatamente onde a lanterna iluminava, e não podia ser outra coisa, tinha de confiar na luz e continuar no caminho. Cada passo dependia daquela fraca luz, mas que na escuridão da montanha se tornava um Sol. Iluminando o meu caminho, descia pisando apenas na luz. Flutuando sobre a escuridão ao meu redor, sentia-me feliz de saber que o mundo naquele momento, era apenas o pequeno espaço seguro que a luz me proporcionava. Tudo estava longe, lá embaixo no escuro. Podia se ver as luzinhas ao longe das casas, mas tão longe que não servia de nada para quem esta do outro lado da montanha. O frio deixava de incomodar a cada passo, pois ele em breve deixaria de existir, e a agradavel sensação de dormir em um leito quente começava a surgir na cabeça. Cada passo, era uma nova luta contra o escuro. O escuro que me rodeava, era como um mundo inexistente, um lugar que outrora maravilhoso com o Sol brilhante, se tornava um lugar inospito e cheio de monstros, bichos, e tudo mais que a imaginação consegue criar. No escuro sua visão fica debilitada, mas todos os outros sentidos não. Era possivel ouvir e distinguir inumeros sons, sentir cheiros que nunca tinha sentido, e o tato era a garantia de que cada passo seria dado sobre as rochas do caminho e não sobre o infinito. A imaginação nessas horas nos surpreende com coisas engraçadas, memorias da infancia surgiam a todo instante, medos e sonhos se confundiam com a realidade da vertente escura. Cada passo, cada momento, uma vitoria. E ao se chegar em casa, as luzes que brilhavam forte vinda dos postes, quase me cegava. Meu mundo tinha voltado a se tornar grande denovo, a luz agora estava em toda parte, mas olhando para o leste e observando a imensa montanha que desci, me sentia feliz por ter vivenciado um mundo diferente, um mundo novo, um pequeno mundo limitado por um circulo de luz.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vida e Natureza

É nesses lugares mágicos da natureza que se percebe a beleza de se viver. Como um neopessimista, adepto das idéias de Schopenhauer, vejo o quanto é sofrido viver para a imensa maioria das pessoas. Viver é uma luta constante para não sentir dor, não sentir fome, não sentir sede. Vive-se em busca da paz que muitas vezes só será encontrada depois da vida, quando não restará nada mais para saciar. As pessoas prezam demais os momentos de férias, de lazer, de descanso, uma vez que esses momentos são raros em suas vidas. Quando se está no mato, como um turista pós-moderno metropolitano, vivo da melhor maneira possivel. Ao lado de uma cachoeira minha sede é saciada a qualquer momento, tenho comigo uma mochila cheia de comida que faz com que eu não tenha a preocupação da fome, e estou em paz pois não tenho nenhuma obrigação a ser feita, há não ser fazer o que eu bem quiser. Essa qualidade de vida que se vive em poucos dias ao longo do ano, tem se extendido de forma magnifica em minha vida, e percebo a cada dia o tanto que as pessoas gostam e precisam de fazer isso. Ir pro mato sempre foi algo que me fez bem, pois liberta em mim os sentimentos mais puros que ja senti, além da menor artificalidade possivel que se encontra ao se banhar num riacho,num poço ou mesmo dentro de uma cachoeira. A sensações que a vida tem para lhe dar são oprimidas na cidade grande, na vida corrida, na soberba que lhe impede de ver as coisas simples da vida. Uma coisa engraçada que vi na serra dessa vez, foram as pessoas que vão fazer trekking e levam consigo todo um arsenal de tecnologias para simplesmente passarem por cima da natureza. Vestidos com uma armadura, de bota, calça, blusa de manga comprida, chapeis, e até uns cajados de um metal duro e leve, andam rapidamente pelas serras, sem enconstar no mato, sem sentir a natureza. Diriamos que eles são a copia fiel de uma sociedade que presa os fetiches, e com o fetiche da natureza, de caminhar no ar puro da montanha, esses citadinos simplesmente passam por cima dela, levam a agua de casa, a comida no bolso em forma de barra de cereais, andam kms para chegar numa cachoeira molhar o rosto e ir embora de volta correndo, como se estivessem na cidade, apressados.

Achei engraçado esse povo, porque simplesmente eles estão no mato, mas ao mesmo tempo estão mostrando ao mato que quem manda são eles, pois eles passam por cima sem ao menos terem uma misera cicatriza, que neanderthalmente falando, são as provas de sua passagem pelos caminhos nessa vida. Nessa vida onde se busca o paraíso do pós-vida é facil se esquecer que o paraíso em sí está aqui na Terra o tempo todo. O milagre da vida é simplesmente incrivel, uma vez que somos uma raridade nesse universo. Sómos a criação que busca a todo tempo uma desculpa para estarmos aqui, que a todo momento e em todas as culturas busca um sentido para tanta dor e sofrimento. Buscamos nos deuses espalhados pelo universo uma solução para esse sofrimento, buscamos uma luz que nos salve desse planeta sofrido que vivemos, mas estamos buscando errado. Não precisamos aceitar que fomos obrigados a estarmos aqui como castigo de um deus egoista, ou que somos o resultado de uma longa historia de relacionamentos entre deuses, ou ainda que somos o exercito de um deus que busca derrotar todos os outros. Não, deixa disso, somos um milagre divino, mas não somos a criação definitiva, nem a perfeita, somos mais um nesse planeta que vive atualmente sofrendo por conta de nossa propria espécie. Os paraísos terreais estão espalhados por ai, a vida tranquilida e sem obrigações cotidianas também , precisamos apenas mudar o ponto de vista, parar de nos culparmos e de arranjar desculpas nos deuses, e culpar os donos do poder, donos do capital, dos que se acham donos do mundo. É impossivel aceitar a vida como ela está hoje em dia, mas não há como voltar, e ai vamos pro mato curtir a paz que longe dos seres da nossa espécie conseguimos sentir, pois outrora o mato era um lugar de terror, medo, fantasmas e monstros. Hoje a cidade é tão mais perigosa de se viver, que o mato é agora o refugio tranquilo, vê se pode isso.