quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

M&M's...

Miseria & Marajás...

No estado de alagoas, a miséria é constante. Nos dias que passei por esse estado, observei atentamente a violência explicita da condição sub-humana de inumeras pessoas. Na Feira do Rato, eu entendi o porque do nome. Não é porque tem muitos ratos, mas é que as pessoas do lugar vivem como eles. Vivem no lixo e do lixo. Dormem sobre os restos da sociedade que os tornam invisiveis. Maceió e a terra do esgoto a céu aberto, coisas que no sudeste nem pensamos mais existir, mas na realidade desse país, é só mais um lugar assim. Sem saneamento, sem direito a água de boa qualidade, os moradores miseraveis da cidade sobrevivem do resto. Mas isso não é a pior parte, nem o que mais me chocou nessa breve passagem pela capital alagoana. Existia um lugar, a tal praia do Gunga, uma das mais belas do país, onde os barões da cana vão passar o final de semana nos seus iates e lanchas. Esse lugar me deixou mal, me deu nauseas, me violentou visualmente e me fez querer sair de lá. A baia na praia era o lugar dos barões da cana no estado que só existe uma cultura plantada, a cultura dos Marajás. Famosos como o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello, os marajás alagoanos esbanjavam sua soberba perante a miséria que os rodeava, sem o menor escrúpulo. A cena que mais me atormentava, não era o miseravel comendo o lixo, nem o alto indice de homicidios da capital, mas sim a imagem do mordomo escravo que descia do iate, entrava na agua e ia com ela na cintura até o seu senhor encher-lhe mais uma taça de champagne. O marajá não se mexia, apenas acenava ao seu escravo que lhe trouxesse mais uma taça. Sei que isso é comum , e nas terras gerais concerteza existem inumeros escravos ditos criados que exercem funções grotescamente piores, mas o fato é que numa praia, num lugar belo, os ricos não queriam nem se mexer para não desgastarem sua gordura acumulada em anos e anos de churrascarias. O escravo trabalhava domingo, no sol, levando ao seu amo a libertinagem do alcool. O harém do marajá era formado por moças que tomavam sol na beira do iate, enquanto os marajas discutiam qual a cor do proximo conversivel que eles iriam comprar. O contraste social gritante irrita, causa nauseas, te deixa incomodado. Não há como pensar em viver com um escravo, numa sociedade que luta todo dia por comida. Não há como não irritar-se ao ver que depois daquele dia a baia, em que se encontravam os marajas em suas barcas tecnologicas, estava toda suja de restos de comida. Rodelas de tomates, folhas de alfaces, espinhas de peixe, arroz e farova boiavam na agua. Além da soberba com que vivem os marajás, eles sujam tudo, pois sabem que na sujeira que produzem vivem os seus conterraneos e quanto mais sujam, mais lixo há para os ratos comerem. Senhores feudais do seculo XXI, armados com capital, impõem a alguns uma vida sub-humana, mas eles não estão nem ai, pois afinal o que eles podem fazer, se eles são apenas os governantes daquela terra.

Alagoas é um estado pobre, mas muito mais que financeiramente, pobre de espirito, de humanidade, que em alguns momentos me deixou nauseado pela gritante diferença social, e toda a sua beleza se perde ao se ver o homos-abutris vivendo em toda parte. Assim como em Recife, a miséria choca, mas a soberba dos marajás é algo que além de tudo irrita. Ainda bem que saí de lá, mas infelizmente a miséria não.

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