quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O mundo dentro do circulo de luz...

No alto do morro, na serra ao vento, sob um céu de estrelas tão grande que causa um certo medo. Medo de se perder por ai no espaço sideral, no infinito de estrelas e galaxias, no frio além de nosso adoravel planeta. No escuro refrescante das estrelas, tinha um caminho longo a ser feito. Descer no escuro uma trilha com um precipicio ao seu lado não é uma coisa simples de se fazer. O vento que corta e esfria seus ossos, quase te empurra penhasco abaixo. Mas ao mesmo tempo que o perigo ronda o seu lado, que cada passo dado pode ser o errado, que cada pensamento que vem é o de uma cama quente, você nota que não sente medo. Porque você não enxerga o perigo. No escuro da noite, a luz da lanterna era o meu mundo. Cada passo era dado exatamente onde a lanterna iluminava, e não podia ser outra coisa, tinha de confiar na luz e continuar no caminho. Cada passo dependia daquela fraca luz, mas que na escuridão da montanha se tornava um Sol. Iluminando o meu caminho, descia pisando apenas na luz. Flutuando sobre a escuridão ao meu redor, sentia-me feliz de saber que o mundo naquele momento, era apenas o pequeno espaço seguro que a luz me proporcionava. Tudo estava longe, lá embaixo no escuro. Podia se ver as luzinhas ao longe das casas, mas tão longe que não servia de nada para quem esta do outro lado da montanha. O frio deixava de incomodar a cada passo, pois ele em breve deixaria de existir, e a agradavel sensação de dormir em um leito quente começava a surgir na cabeça. Cada passo, era uma nova luta contra o escuro. O escuro que me rodeava, era como um mundo inexistente, um lugar que outrora maravilhoso com o Sol brilhante, se tornava um lugar inospito e cheio de monstros, bichos, e tudo mais que a imaginação consegue criar. No escuro sua visão fica debilitada, mas todos os outros sentidos não. Era possivel ouvir e distinguir inumeros sons, sentir cheiros que nunca tinha sentido, e o tato era a garantia de que cada passo seria dado sobre as rochas do caminho e não sobre o infinito. A imaginação nessas horas nos surpreende com coisas engraçadas, memorias da infancia surgiam a todo instante, medos e sonhos se confundiam com a realidade da vertente escura. Cada passo, cada momento, uma vitoria. E ao se chegar em casa, as luzes que brilhavam forte vinda dos postes, quase me cegava. Meu mundo tinha voltado a se tornar grande denovo, a luz agora estava em toda parte, mas olhando para o leste e observando a imensa montanha que desci, me sentia feliz por ter vivenciado um mundo diferente, um mundo novo, um pequeno mundo limitado por um circulo de luz.

Nenhum comentário: