quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Banalização do Absurdo...

Depois de uns dias pensando nisso e trocano ideia ontem, sobre como a sociedade moderna vive uma certa banalização de alguns absurdos, e considera absurdo coisas que simplesmente podem ser ou nao, dependendo muito de cada um. A sociedade nos impõe um caminho unico a ser seguido, e nos diz que se nao o seguirmos nao seremos feliz. Mas que caminho é esse? O de uma vida trabalhadora, eticamente correta, dentro dos padroes aceitaveis e ao qual nao nos permite fazer aquilo que realmente queremos. Nao que nos devessemos fazer o que quisermos, mas o fato de sermos praticamente escravos num sistema que impoe e diz o que é ou nao bom , ou que é ou nao a felicidade e quem ou nao é feliz, da ate tristeza de se pensar. O que é absurdo? Uma pessoa passar fome na mesma cidade que a sua seria algo absurdo? Pra mim sim, e extremamente , porem como é tao comum isso, vermos moradores de rua e simplesmente ignoramos, faz com que se banalize um absurdo dos maiores que a sociedade tem. Porém , se eu fizer qualquer coisa que nao se encaixe nos padroes que a vida moderna quer, como por exemplo, ir morar no meio do mato e largar tudo , isso será considerado um absurdo. E porque ? nao entendo sinceramente , e acho que uma quebra dessa visao fechada é a unica maneira de começarmos a mudar. E como fazer essa mudança? Bem , nao sei , mas hoje demos um exemplo de como tentar. FIzemos uma intervenção no bandeijão de cima, alias entre o bandeijao de cima e o terreo, em um local que é um Não-Lugar, dentro da UFMG. Na quinta passada, depois de almoçar, quando passamos nesse local, começamos a viajar que ele parecia um clube, com um jardim, uns banquinhos e uns guarda-sois. Porém a principio nunca vi ninguem ali, ou nada. Bem começamos a pensar em fazer uma intervençao, ir todos de roupa de banho, sunga, bikini, como se tivessemos indo ao clube. E nao é que deu certo? Levamos um isopor cheio de cerveja pra vender para quem quisesse se unir, chegamos na hora do almoço, arrumamos uma mangueira e ficamos ali, brincando como crianças na praia, jogando peteca, tomando cerveja, banho de mangueira, cantando musicas. Pra mim o melhor da intervençao e meu maior proposito nessa intervençao, era chocar o pessoal. Na verdade era mostrar que ali era um Lugar muito doido, e que pra todos era um Não-Lugar que ninguem nem sabia que existia. As reaçoes eram diversas, algumas pessoas passavam indiferentres, outras pararam e perguntavam o que era, outras apenas olhavam curiosas, algumas ate entrosaram e se molharam e tomaram cerveja, outras viam aquilo e voltavam pra traz, e umas achavam aquilo um total ABSURDO. E porque? Porque na mente delas, aquilo nao era um lugar de lazer, ou de qualquer outra coisa, ali nao era nada, nao era nem mesmo um lugar pra elas. Esse tipo de intervençao , eh bom para que as pessoas comecem a pensar porque nao fazer aquilo. Nao ah nenhum tipo de restriçao em lei alguma que nos impessa de fazer tal ato, entao porque nao fazer? Porque passar ali sempre correndo? Porque nao aproveitar aquelas cadeiras e o guarda-sol, a mangueira e a sombra das arvores, para relaxar ? Se aquilo nao era pra isso, entao porque tinha tudo lá ? Bem algo que me deixa bastante triste é as pessoas assustarem com isso, e a tradicional familia mineira consegue isso facilmente. Espero que ninguem venha me dizer que aquilo é atentado ao pudor, ou que estamos difamando a imagem da UFMG...Bem se nao era pra ter porqque construiram assim? Minha conclusao sobre tudo , é que começando com essas intervençoes, quebrando um pouco a rotina diaria, saindo um pouco dessa massante vida subordinada a um destino comum , que nos é imposta, e vivendo simplesmente de boa, fazendo algo que é simplesmente normal, ser visto como um absurdo para a sociedade, e tentar pelo menos mostrar que absurdos temos milhares por ai , e que se nao pararmos pra reavaliar o que é o certo ou errado, seremos sempres escravos da banalizaçao do absurdo.

Um comentário:

Ana disse...

Yesss! Não é só com os poemas que vc me deixa feliz!