segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Reinos de concreto

Sai de casa no sabado por volta da 13h da tarde, para ir até Ibirité, na casa do caio. Mas mais do que apenas ir, mais do que apenas percorrer o espaço entre esses dois lugares, minha casa e a casa do caio, eu fui geografando o caminho todo. Eu e o Miltão fizemos uma deriva muito loca pela metropole. Saindo da Zona Norte, indo em direçao ao centro, atravessando o centro a pé, e depois indo de onibus para além do que me era conhecido, descobri novas belo horizontes, novas cidades, percebi o tamanho da metropole. Ao chegar na distante ibirité, cerca de 50km depois da minha casa, percebi o quão grande a metropole se encontra. Vagando por predios, ruas, concreto, percebi de maneira interessante o lugar que vivo. Vivo muito distante de onde fui, e senti algo estranho. Me senti longe, me senti como se estivesse em outra cidade (e realmente estava), em outro pais, em outra cultura. Mesmo sendo vizinha a minha cidade, aquele lugar era tão desconhecido por mim, que era como se eu estivesse em uma viagem , para longe. Mesmo perto , é longe. Imagine que demorei cerca de 3horas no percurso todo, mas nos idos do inicio do seculo XX, concerteza essa viagem levaria no minimo 2 dias. Ao atravessar a metropole em velocidade tão rapida, é possivel ver muitas coisas, mas nao da pra entende-las tao bem. O onibus cheio impede a visão do todo a sua volta, e os bairros que margeiam as avenidas que cortam a cidade, vao passando rapidamente, sendo apenas mais um em BH. Conhecer novos lugares dentro da propria BH, me deixou feliz, mas com aquele sentimento que disse de não pertencimento. Ao regressar a noite a região da pampulha, me sentia muito feliz, me sentia em casa, ali eu conhecia tudo, mesmo que ainda quase nao conheço nada, mas so de estar em um lugar que ja tinha passado antes, me deixava feliz. Não estava mais perdido em outro reino, estava nas minhas terras, na minha parte da cidade. Essa sensaçao que a tempos eu nao sentia, me deixou feliz. Fui ontem a cidade nova, meu antigo reino, onde me senti tambem em casa, me senti bem , sabia como funcionava as coisas ali, onde ir e onde passar. Na gigantesca metropole, poucos reinos superam o centro. O centro cercado pela contorno, cercada por uma muralha de automoveis que transitam infinitamente ao redor do reino central. A cidade que busca suas saidas engolindo as outras a sua volta, tem em seu centro o apice da modernização. Ruas e avenidas, que chatassamente se entrecruzam, fazem parte de todo o molde do reino. No centro, não me sinto em casa, não é meu lugar, mas lá eu conheço, lá eh so um lugar de passagem. Um lugar que tanto ja passei que me sinto entendedor de seu funcionamento. Mas lamento a mim mesmo saber que mal conheço o centro. Infinita torre de babel que congrega todos os reinos a sua volta, o centro metropolitano, é mais do que simplesmente um lugar no espaço. É uma territorialidade abstrata. Pertence a ninguem. Mas ninguem quer ter o centro. O centro é o lugar de passagem e encontro, de paisagens recortadas por predios, e onibus, é a não-moradia. Quem vive no centro, não vive o centro. O centro da metropole torna-se o buraco negro da região. Tudo gira em torno e segue para ele. Os reinos ao redor, são ligados pelo centro, de forma que toda a riqueza que transita pela região, é captada pelo interior da metropole. Os elos fora, e os reinos distintos vao se formando de maneira diferente. Cada um da sua forma, mesmo que parecidos ( como venda nova e o barreiro) fisicamente, são reinos completamente diferentes, com ideias, sentimentos, ligaçoes diferentes. Antigos recintos de pessoas que viviam longe do centro, mas que hoje foram engolidas pela BHbilonia, que cresce cada vez mais. Cada reino distante um do outro, se tornam pequenos centros, que se tornam cada vez mais importantes aos seus moradores do que o proprio turbilhão central. Mas mesmo que cada reino se emancipe, não poderá viver fora ou como quiser. Estará sujeito ao que o centro todo poderoso impõe, e ai todos esses reinos se tornam um unico. O reino da metropole.

Após atravessar o imperio belorizontino, pude perceber o quão a bagunça organizada funciona hoje em dia.

Um comentário:

Ana disse...

Eeeeeeii...! Ontem vc me disse que esse texto tava ruim?!
Eu hein? Não sei se isso é loucura ou modéstia demais :P