sábado, 17 de abril de 2010

Geografia e Literatura

To numa encruzilhada estilo Riobaldo. Não sei direito o que faço na minha monografia, mesmo ja tendo um tema, nao sei ao certo sobre o que escrever. É claro em minha cabeça dois modos de fazer essa monografia, mas não sei qual dos dois ficará mais claro e facil de ser entendido. O primeiro modo é fazer uma analise baseada mais na acumulação do capital, na forma de utilização do espaço e como o capital se apossa através da fé de espaços inabitados, durante uma vez no ano. Já o segundo modo é uma maneira mais fenomenologica, mas prefiro dizer, topofilica. Topofilia livro do Yi-Fu-Tuan, é algo que me interessa muito, pois é uma geografia diriamos menos academica, mais intuitiva.

Por exemplo, eu posso chegar lá ver tudo e dizer: Bem, o cemitério do peixe, se encontra no espinhaço meridional, ao sul de gouveia, e ao norte de congonhas do norte. Se encontra a uma altitude de mil metros, ao lado de um rio, que corre vindo de nordeste. O pequeno aglomerado de casas que surge na serra, fica vazio ao longo do ano, tendo apenas no mes de agosto durante o jubileu de sao miguel e almas, seu apogeu, quando milhares de pessoas se reunem numa festa em devoção as almas. As casas vazias ao longo do ano contam com apenas uma pessoa cuidar delas. A igreja e o cemitério perdidos no meio do espinhaço, teem na religiao seu unico objetivo de existencia. Além disso, com a realização do jubileu em agosto, o comercio inexistente no lugar surgi, e centenas de pessoas usam do espaço inutilizado para barganhar capital provindo de outras regioes.blá blá blá...


Mas como não quero explorar o espaço dessa forma, prefiro fazer de uma maneira em que o lugar possa ser sentido na leitura de minhas palavras. Sei que é impossivel reproduzir o que o lugar é de verdade, mas creio que de uma maneira mais topofilica, mais literaria, isso se torna mais facil. Por mais que eu explore e descreva como o capital e as relações entre as pessoas se dão, e descreva o lugar, eu nao irei consegui reproduzir as sensações possiveis. Mas escrevendo como agora irei escrever creio ser mais possivel... :

Dista léguas a fio, um lugar perdido na serra. A vila cemitério, resiste ao vento e a solidão, a poeira e ao frio, cercado de montanhas, ao lado de um rio que corre levando consigo as tristezas da região. Num vale entre morros, cem casinhas brancas surgem como uma miragem. Quem vive lá? Ninguem, pelo menos ninguem desse mundo. Nessas casas,viem as almas dos que estão enterrados no cemitério. As almas cuidam das casas e vivem em harmonia com a unica moradora do local. Que cuida das casas, da igreja e do cemitério. Lugar estranho e encantador, que não há como entende-lo sem por ao certo ir lá. Lugar vazio e desabitado mas não durante todo ano. Durante uma semana, em agosto de vento e secura, vem de todos os cantos da serra, um amontoado de multidão. Gente de todo lado, vindo em busca de algo que nenhum outro lugar pode lhe proporcionar. A alegria da realização das promessas, o pedido e a fé absoluta, levam centenas de pessoas a um lugar fantasma. E assim, surge durante quatro dias, uma cidade. Um pequeno povoado, um pequeno centro comercial, onde tudo é trocado, de conversa a prato, de panela a papo. Cercado nas serras, o espaço outrora inabitado ganha vida, ganha ar civilizado. Mas logo depois, tudo se acaba. As almas que cederam suas casas para os romeiros, agora podem voltar para seus lares, e descansarem em paz. Até o outro ano, quando tudo resurgi. Tudo revive.


Bem é tipo isso ai...agora vamo no que vai dar...

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