domingo, 1 de julho de 2012

Necessidade de Fogueira

Há pouco mais de sete anos, tenho o a oportunidade de viver nas quintas a mais antiga experiência humana que podemos reproduzir em qualquer tempo. Essa experiência é simplesmente fruto da maior tecnologia que o homem criou, pois a partir dela nos tornamos cada vez mais inteligentes. O fogo foi capaz de reunir os homens ao seu redor e a partir daí não só o serviu com luz e calor, mas também com pensamentos. A experiência de sentar ao redor de uma fogueira, é uma das coisas que mais faz falta a nossa vida de hoje. Pois a hipnose na fogueira, e a meditação dos pensamentos que fluem entre as chamas, é a uma das poucas oportunidades reais e sinceras de se ter uma total ligação com o mundo. Uma ligação com toda essa nossa louca existência, com todas nossas duvidas e curiosidades, anseios e vontades.  De frente a uma fogueira, é possível compreender muitas coisas de sua própria vida, que sempre faz qualquer pessoa se sentir bem, pois ali de frente ao fogo, você passa horas a pensar. Mas infelizmente, a televisão tomou o lugar da fogueira como momento de reflexão diurna dos homens, e o deixou estúpido, porque ao invés de fazê-lo pensar, o distrai. E assim nessas noites frias em que os homens se reuniam ao redor de uma fogueira, e conversavam horas em fiada conversa, muitas idéias revolucionarias surgiram. Esse tempo de hipnose é totalmente necessário a nossa vida, porque evoluímos a alguns milhares de anos sempre com a necessidade desse tempo livre para pensar. A fogueira é uma ferramenta incrível para nos libertar dessa dor de viver dos dias atuais, em que a cabeça serve apenas para coçar. Não há tempo para pensar, e o ônibus lotado não é o melhor lugar para abstrair seus pensamentos a ponto de conseguir realmente ter uma boa idéia. Mas em frente à fogueira, sua cabeça automaticamente entra em um transe hipnótico que o fogo consegue-lhe causar, deixando-o a principio fora de si, entregue a uma limpeza intelectual de raras ocasiões. Pouquíssimas são às vezes em que podemos deixar nossa cabeça tão livre de pensamentos assim, e com essa limpeza inicial causada pela majestosidade e encantamento do fogo, começamos a nos sentir melhor para pensar a vontade, pois nossas idéias ficam mais organizadas, como que se tivesse sido feita uma faxina na nossa cabeça, que permitiu organizar melhor todo nosso pensamento. Após algumas horas ao redor da fogueira, a união que o fogo consegue causar entre as pessoas, faz com que a conversa dure enquanto houver assunto para se debater, e assim com idéias diversas, pensamentos aleatórios, muitas coisas se descobriu com essa técnica evolutiva sensacional. A união do domínio da natureza e do controle do fogo, a liberdade da hipnose causada pela magnífica fluidez das chamas, e o conjunto de idéias e conversas geradas nessas reuniões, fez do homem o que ele é. Mas a partir do momento em que trocamos à rica e inigualável experiência da fogueira, por uma distração absurda e uma doutrina de massificação de idéias, nos tornamos infelizes, insatisfeitos, deprimidos. Somos os homens na historia com a maior variedade de opções de entretenimento, distração, e abstração do pensamento, e por isso nossa evolução tecnológica é estúpida. O tempo para pensar é uma das principais curas para os problemas da vida no século XXI, mas como não há quase nenhum tempo, e o que temos gastamos com a distração eletrônica, estamos sucumbindo em depressão, por causa dessa imposição de uma falsa diversão. Penso  que a tecnologia absurda que temos, deveria ser voltada para pensarmos mais e mais, e assim utilizar todo nossa grandeza como espécie para evoluirmos cada vez mais rápido e de forma inteligente. Mas o capitalismo como praga da humanidade, devora nossas vidas porque nos impede de praticar a experiência mais rica que o homem criou. Ao redor de uma fogueira, todas as pessoas se sentem melhor.
 Luz, calor, idéias. A tríade que falta aos sombrios, frios e acéfalos homens adestrados do século XXI. Ainda bem que toda quinta tem NaTora!

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