sexta-feira, 26 de junho de 2009

que onda...

To feliz hoje! simples assim... O dia nasceu bonito, depois de uma semana inteira de tempo ruim. Acordei cedo, e como tinha prometido a mim mesmo quando rolasse um dia de céu claro, a primeira coisa que fiz no dia foi ir surfar. Nem comi nada , apenas uns 3 biscoitos e logo desci pra praia. Perfeito! Assim, não há como descrever a sensação de imaginar a praia de um jeito perfeito, com todos os seus gostos, de temperatura, luminosidade, vento e mar, e chegar nela e ver que ela está exatamente do jeito que voce mais gosta. Faz o dia de qualquer um ficar bom. Pegar um mar com ondas boas, o céu azul, o vento terral,que torna as ondas mais perfeitas ainda, o sol de inverno que não queima tanto, e descer uma onda e curtir a melhor sensação que o mar pode proporcionar, a de estar andando sobre ele. Eu que considero o mar um gigantesco ser vivo, sinto a sensação de estar andando sobre um gigante. Como naqueles desenhos animados antigos, que mostram personagens escorregando sobre o braço de um gigante que tenta a todo custo derruba-lo. Essa eh a sensação pra mim e pegar uma onda. Acho que ninguem nunca descreveu dessa maneira o surf. Pra mim mais que tentar manobras, o surf server para te afastar da realidade. Sobre o mar , e as ondas eu me sinto em outro lugar. Claro, nem toda vez que surfei eu me senti assim. Se voce entrar no mar, sem estar realmente afim de fazer aquilo, como se fosse mais uma obrigação que uma diversão, voce vai se sentir mal. Vai se sentir muito dentro da cidade, e ai o surf parece estranho, nao flui direito, a cidade te oprime parece. Voce pega uma onda e vai em direção a essa gigantesca cidade. Eh mal. Não rola. Por isso tinha dado um tempo, tinha passado uns dias sem ir da uma caída, e hoje quando voltei, nas condições mais agradaveis pra mim, eu voltei. E foi realmente surpreendente a sensações que você tem quando entra num mar assim, em um dia asssim. Hoje nao existia cidade, eu estava no mar. Dentro e sobre o mar. Tentando doma-lo, tentando escorregar sobre suas ondas. É realmente incrivel a sensação de surfar. Não há uma onda,uma vaca, que você nao saia rindo.

O mar é um gigantesco e gratuito parque de diversões. É incrivel a capacidade de adrenalina e endorfinas que seu corpo produz numa boa hora de surf. Não da vontade de sair do mar, você nao consegue, ele te hipnotiza, ele te prende. Ele é grande e poderoso, e a cada vaca,de calods, cada tombo, cada tapa na agua, cada batida no fundo, você percebe isso. Todo mundo que ja entrou no mar, ja levou um caldo daqueles de ralar na areia e levantar tonto. Mas ninguem nunca levou um caldo como os surfistas levam. Na primeira vez que fui em tabatinga, uma praia do sul aqui, foi louco. Eu cheguei lá depois de pouco tempo surfando, eu era cabação ainda, so descia reto as ondas, e tava lá, na pipeline natalense. Gigante o mar aquele dia. Com ondas que chegaram a incriveis 2m. Sim 2m parece ridiculo e baixo. Mas pense numa onda que eh do tamanho da porta da sua sala, e voce lá embaixo dela tentando passar dela, para sair da rebentação. È mal, eh dificil, e da muito medo. A descarga de adrenalina que tive na hora que entrei no mar foi impressionante. Logo depois que passei da rebentação, tava la meio tremendo ainda, e tentando de todas as formas fugir das ondas. Não queria mais ta ali, era dificil demais, grande demais, e tinha gente demais. Na primeira onda que nao refuguei, e remei o maximo que pude , eu ia começar a descer a onda, era grande, concerteza a maior que eu ja tinha pego até então, quando me vi caindo de cara a mais de 1m de altura, sobre a agua que parecia muito longe do alto. O pior não eh nem de longe o tapa que levei, isso foi fichinha perto do liquidificador que eu entrei. Dei azar e como cai no pé da onda, eu ainda subi denovo dentro da onda, e fui jogado denovo na agua , dessa vez caindo com toda a força da onda. O que me vinha a cabeça era engraçado, eu lembrava de todos os filmes e programas de surf que ja tinha visto, de todos os relatos de como era levar uma vaca, e de todas os caldos que ja tinha levado, e que tinha de comparação com os caldos dos surfistas. Doce ilusão, aquilo era muito maior, muito mais cabuloso, muito mais perigoso, e muito mais legal que qualquer outro caldo que ja tinha tomado. Depois de cair denovo, eu rodei três cabalhotas, antes de tentar sair da agua. Depois das cambalhotas veio a pior parte, a parte que realmente assustou. Eu que ja tinha levado alguns caldos em Ponta Negra, achei que aquele era so mais um , e que era so botar o pé no fundo , me levantar e volta pra cima da prancha. Mas ai , quando fui fazer isso, onde estava o fundo? nao tava nem perto de dar pé, e eu lá já sem ar, e meio tonto, no meio de muita espuma que dificultava ainda mais subir, pois vc fica envolto de milhares de bolhas de ar, que quase te envoltam em um abraço de ar que nao te deixa sair do lugar. Quando cheguei a superficie, lembrei-me de nao puxar o ar de vez, pois se alguma onda viesse, ou espuma entrasse na minha boca, concerteza eu iria engasgar, e ai a chance de se afogar aumentaria. Mas nao foi facil controlar a respiração, involuntariamente eu tentava respirar, e toda minha concentração aquela hora, foi em sair da agua, olhar em volta e só ai respirar. E tudo isso aconteceu numa fração de segundos. Quando vi que tava de boa, eu ja tava puxando o ar, e tentando achar a prancha. Graãs ao strap que é aquela cordinha que prende o pé a prancha, eu consegui acha-la. Subi na prancha, e tentei sair da rebentação o maximo que pude. Mas algumas ondas vinham, e eu lá desesperado. Quando sai da rebentação estava tão cansado, que meus braços mal respondiam. Fiquei deitado um tempo na prancha e logo depois melhorei. Depois de mais meia hora de surf, sai exausto do mar, e pela primeira vez , me senti um surfista de verdade. Tinha tomado algumas vacas grandes e tal.

Mas se pensarmos em grau de adrenalina, nada supera surfar em Baía Formosa. A direita perfeita que se forma na ponta da baía, é resultado de um fundo de pedra. Uma laje como o pessoal chama. Um lugar onde o fundo raso de 1m de profundidade, não é de areia branquinha e bonitnha. É de rocha. Arenito precisamente. Uma rocha muito, mas muito dura e afiada. Mas lá as ondas são perfeitas, incrivelmente perfeitas. Rolam a todo tempo, e na primeira caída que dei lá, foi assustador. Peguei uma prancha emprestada, muito menor que a minha, e foi foda. Pra começar, para entrar no mar, a maré tava alta, e eu tinha que caminahr, sobre a ponta das rochas que seguiam até o lugar onde daria para entrar e nao bater o fundo da prancha, nas rochas submersas. Fui a´te uma pedra, onde estava impossivel continuar andando, pois as ondas estavam grandes e a cada espuma que vinha, se eu caisse, seria jogado contra as pedras. Então depos de uma serie que eu ia me livrando, a ultima veio e me derrubou, me jogando na agua, e a prancha na pedra. Sorte, que foi a prancha,que me custou um susto gigantesco, um amassado gigante no fundo, e 10 reais na conta para o concerto. Depois que cai , peguei a prancha me joguei sobre ela e remei como nunca na vida. Uma explosão que nem sei como explicar, so sei que consegui passar a rebentação sem enfrentar nenhuma onda. E lá tava eu, mais tremendo do que nunca do susto e do medo, de frente pra encrenca em que eu tinha me metido, a apenas alguns metros das rochas e com ondas grandes vindo. Foi maravilhoso. A manha bela que se seguia, o vento terral, a temperatura do ar e da agua, tudo em perfeita harmonia com aquilo que eu gosto, e levo como sendo as sensações do paraíso. Bonito demais ver uma onda quebrando perfeita, o tubo se formando e vc lá, apenas subindo as ondas, , vendo elas virem quebrando e eu sem coragem nenhuma de desce-las. Fiquei mais de meia hora so curtindo até a primeira tentativa. Não podia errar, não podia cair, e não podia surfar reto. Teria de descer pra direita, o lado que sou pessimo, e tudo isso sem exitar. Foi dificil escolher o momento, e quando ele veio, uma grande onda se formou, mais de 1m concerteza ,e eu subi, olhei la do alto no fundo transparente a laje que me esperava quase eu caísse. Desci a onda, mas nao subi na prancha, paguei pau e fiquei agachado nela, e logo sai fora. Mais alguns minutos se passaram, e minha segunda tentativa veio, eu fui , desci e dessa vez fiquei bem abaixado, quase agachado, e a onda que era bem maior que a outra, subia ao meu lado enquanto eu corria por ela, e sua crista ocmeçou a virar, começou a formar um pequeno tudo, e eu la abaixado, maravilhado, torcendo para a onda quebrar logo preu ficar por alguns instantes dentro do tubo, mas esse momento demorou, eu tava tão empolgado que guardei exatamente a imagem daquele momento,e parece que eu travei nele um tempo. Quando percebi, vi onde estava, e logo na frente a alguns metros eu vi a Rosa. A pedra mais temida, a que mais quebrou pranchas e machucou surfistas, a peirogosa Rosa. Quando a percebi, a onda se fechou sobre mim, por um milesimo de segundo vi o tubo perfeito, atraves dele as dunas, e logo era tudo agua, adrenalina, e eu por incrivel que pareça, consegui nao ser levado pela onda e sai dela. Sei lá, a adrenalina te deixa muito doidao, voce consegue raciocinar muito mais rapido, e seus pensamentos nem sao digeridos, e o que vc pensa vc faz. Acho que por isso eu sai tao rapido da onda.

Bem, voltando agora a realidade do surf cotidiano, é muito bom estar em contato total com a natureza. E dentro do mar voce se sente assim. Olhando para o horizonte, vc se pode se imaginar ilhado muito longe de qualquer terra.É bom, eu gosto e vou sentir falta. Mas sei que ainda vou surfar em muitos mares... ai ai ... eh boa essa vida :)

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