sábado, 26 de setembro de 2009

Enclaves culturais?

Devirando pela capital, ontem fui em dois eventos interessantes que rolaram basicamente ao mesmo tempo, em locais diferentes da metropole. O primeiro, um festival de Jazz no alto da praça do Papa, ao pé da serra do Curral, bem no sul da capital. O outro um show de rap, embaixo do viaduto Santa Tereza, no baixo centro recuperado da cidade. Movimentos tão diferentes, em locais diferentes, com pessoas, cultura, estilo, classe social, gostos, tudo muito diferente. Para começar a entender os movimentos e como eles eram interessantes do ponto de vista geografico, é preciso entender os lugares. O primeiro lugar, a praça do Papa, situado no alto da avenida afonso pena, ja embaixo da serra, apresenta um clima mais frio, com as grandes mansões do mangabeiras que circundam a praça. O clima frio, combinado com o ambiente de praça, a serra a sul, e a vista da metropole iluminada ao norte, bem abaixo dos 1100m de altitude que a praça se encontra. O jazz, musica que era tocada no grande palco do festival, que contraditoriamente surgiu nos guetos americanos, hoje tornou-se sinonimo de status da elite, que cultuando um estilo europeu, se veste com cachecois, casacos, tocas, e outras roupas para o frio que fazia no local, baseando-se sempre numa moda europeia, e porque nao dizer parisiense. Era essa a sensação de estar no lugar. De se estar em Paris. As pessoas, bem arrumadas, ouvindo um estilo musical que hoje em dia no país so faz sucesso entre pessoas de classes mais altas, despertou em mim um sentimento estranho de um enclave cultural. Descendo a avenida afonso pena, e a 400m abaixo, no baixo centro, embaixo do famoso viaduto de Santa Tereza, acontecia outro movimento. O rap era o som , e a cultura HipHop se espalhava por todos os cantos. Ali, o som que surgiu nos guetos americanos, era apreciado pelos moradores de classes mais baixa da capital, da periferia, com seu estilo diferente, com seus modos de vestir e falar peculiares a sua "tribo". O contraste visivel entre os dois movimentos, me deixou impressionado. Era uma mudança brusca, sai de Paris e rapidamente cheguei no Bronklyn, nos guetos da grande maça, na cidade mundial. Cidades Mundiais conseguem com a globalização que ocorre atualmente no mundo, criar verdadeiros enclaves temporarios, onde a cultura local, é temporariamente trocada pela cultura de outro lugar. Interessante pensar como esses movimentos são legais de ir, pois entendo esse tipo de coisa, como uma das formas mais marcantes da globalização. Não apenas uma globalização das culturas e capitais, mas uma na verdade imposição de culturas globais. Culturas que tem no ocidente , vasto espaço para se reproduzir. Mas isso não é ruim. Imagina see existisse apenas o samba? O bom de tudo é essa mistura, é ver a diversidade na cidade. Grande diversidade, cultural, social, economica. Vivemos na aldeia global de enclaves culturais. É assim que vejo essa tal cidade...

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