segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Idéias que surgem...

(re)territorialização do espaço inabitado - Um breve relato de um viajante pelas longinquas terras do Jalapão.

"olhe: muito em além, vi lugares de terra queimada e chão que dá som - um estranho. Mundo esquisito! Brejo do jatobazinho: de medo de nós, um homem se enforcou. Por aí, extremando, se chegava até no Jalapão - quem conhece aquilo? - tabuleiro chapadoso, proporema." ( Grande Sertão: Veredas. 20 edição, pag 73)


Acordei pela madrugada com uma idéia que não poderia ter passado despercebida. Uma breve ida ao banheiro no meio da noite me fez lembrar de Mateiros no Tocantins, no coração do Jalapão , onde os banheiros são construidos longe da casa. Dessa lembrança me veio a cabeça toda uma formulação de uma possivel monografia sobre o Jalapão. Nunca havia pensado em escrever sobre o Jalapão, mas depois do campo na serra do cipó e a influencia da metropole nela, eu fiquei com uma pulga atrás da orelha em saber quem influenciava mais aquele vilarejo distante. O turismo cresce em proporções gigantesca para uma região que até pouco tempo atras mal tinha luz, estrada e pertencia a um estado diferente. Os goianos do jalapão moram atualmente no Tocantins, e possuem uma das culturas mais heterogeneas do país, com influencia do Pará, Bahia, Piauí e Goias. As pessoas que ainda se adaptam aos jipes e as motos, começam aos poucos a entenderem o fenomeno do turismo na região. A região marcada pelo isolamento e pela baixa densidade demografica (sendo a menor do país) tornou-se um gigantesco polo turistico marcada pelo fetiche do deserto, e pela maravilha cenografica do lugar. Com belas paisagens, rios de aguas cristalinas, dunas, e uma fauna exuberante, o Jalapão se divide em 3 tipos de turismo. Um primeiro voltado a ideia do safari, ondem as pessoas transitam num Caminhonibus especial, que atravessa todo o jalapão, feito por uma empresa particular, sendo os turistas de todo Brasil. O segundo pelos jipes, e 4x4 que conseguem transpor com maior falicidade as grandes distancias de estrada de terra, e que vão por conta propria, geralmente vindos de Palmas ou Goiana, e os mais animados vindos de Brasilia. Por ultimo os moradores das regiões proximas ao jalapão como Porto Nacional e Ponte Alta, onde alguns possuem familia na região, ou então vão em busca de ferias tranquilas nas limpidas praias do rio do sono. O turismo vem crescendo proporcionalmente do segundo tipo, para o primeiro e por fim o terceiro. A poucos anos atras (preciso pesquisar isso direito) o caminho era feito por tropa de burros, e uma viagem de São Felix há Novo Acordo, atravessando a regiao norte do Jalapão era feito em 5 dias. Ainda se encontra na beira da estrada inumeros locais de pouso para os antigos tropeiros, e ainda é possivel notar a presença de alguns deles, que ainda se aventuram entrecruzando o deserto.

Bem agora tentando entender melhor o que quero, planejo fazer uma analise do conceito de territorio e região e aplica-lo ao Jalapão. A idéia é pegar um lugar que mudou de região politicamente, e com a descoberta do potencial turistico tem sofrido uma rapida transformação em seu espaço, com uma nova territorialidade que aos poucos começa a emergir no seio de sua população. Pertencentes ao Tocantins, os goianos se sentem as vezes marginalizados, mas aos poucos começam a mudar de idéia quanto a isso. Analisando a vivencia de 7 dias que tive na cidade de Mateiros, aliada a entrevista com os moradores e uma base historica da região, pretendo fazer um retrato (e por isso a minha visão sobre o lugar) do Jalapão, do seu isolamento quase total, a tentativa de o transformar em um novo polo do turismo nacional. Após a construção de Palmas e a inserção de uma nova centralidade a região mudou muito e tornou-se um lugar muito interessante para se pensar a reprodução do espaço. Com o intuito de agregar informação e tentar escrever de forma simples como um relato de viagem, tentarei mostrar tudo aquilo que consegui ver e sentir do lugar, exercendo a função de um viajante do sec XIX em busca de passar através de um texto a idéia de um lugar, o que não é facil. Da boate no Mateiros a festa do povo do Carrapato, muito contraste se vê e preciso de alguma forma contar como foi a viagem e como é o Jalapão.

Geografia bem feita é feita a todo momento!

Gostei dessa idéia, talvez a definitiva!!!

Um comentário:

Ana disse...

"A Geografia bem feita é feita a todo momento!"
Já vai ter citação sua na minha monografia!
:-)