sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Geografia é ?

Resolvi entender como a geografia se expõe no contexto da sala de aula e como se da essa relação com os demais trabalhos possíveis na geografia. Escolhi a palestra da Prof.ª Maria Luiza Grossi do departamento do IGC, por já ter tido um contato maior com a mesma, e uma possível interpretação de suas escolhas durante sua vida profissional. Ao analisar sua historia acadêmica percebo que para se fazer geografia muitas vezes não é necessário estar inserido no contexto da academia, nem de trabalho. Geografia é uma ciência que se desenvolve no contexto do espaço, o que a torna onipresente se assim quisermos pensar, uma vez que o espaço se encontra em todo lugar.

Maria Luiza começou com dificuldades no curso, e aos poucos foi gostando da experiência geográfica, pois ela dialogava com seus interesses advindos de uma experiência particular. Na duvida entre o bacharelado e a licenciatura, ela começou a estagiar no IGA, mas ao perceber a forma clientelista de trabalho exercido pelos técnicos do instituto, aos poucos foi deixando de lado essa área para enveredar no estudo do ensino. A licenciatura lhe possibilitou evoluir seus pensamentos no sentido da educação, e acabou tornando-se professora da rede publica. Para resumir bem a historia e dialogar apenas com a questão da geografia, depois de dar aula na escola publica e sair do IGA, sem uma perspectiva de crescimento dentro do instituto, Maria Luiza voltou-se para a educação como uma forma de sair da calmaria inerente ao trabalho clientelista de um uma instituição publica, e se voltou à sala de aula como um lugar de convivência diária com inúmeras pessoas. Após concluir um mestrado e um doutorado, a convivência com a sala de aula lhe deixou mais tranqüila ao perceber que estava fazendo aquilo que gostava.

A geografia como uma ferramenta para o entendimento do mundo, serve também para reflexões muito além daquelas que outras disciplinas acadêmicas oferecem. Ao perceber o espaço como lugar de vivencia e transformação, é possível conectar-se a uma realidade que doravante mencionada de outras formas em outras ciências, é nada mais que uma realidade inserida no contexto do pensamento geográfico. Cada individuo tem em sua característica interpretar de maneira diferente o mundo que vive. Dessa forma ver a educação geográfica e o ensino de maneira geral, como uma ferramenta de transformação social, é de uma “beleza” com o qual algumas pessoas se identificam. Fazer geografia é algo que vem do inconsciente para aqueles que não sabem o que fazer, pois geografia é algo que se faz a toda hora. Claro que não da maneira metodológica imposta pelos senhores da academia ditos donos da verdade, mas de uma maneira simples e principalmente simbólica para os indivíduos. Crer numa possível mudança do espaço é necessariamente crer que as pessoas possam entendê-lo mesmo que de uma forma simples e individual, para que esse espaço possa ser transformado num todo coletivo mesmo que feito individualmente.

Geografia se encontra embutida em tudo que se vive, e ao se fazê-la cotidianamente sem percebê-la, as pessoas tendem a compreender o seu mundo a sua maneira, mesmo que a maneira “correta” esteja longe de sua verdade. O ensino da geografia torna-se um fator importante na vida do individuo uma vez que abre perspectivas e amplia o campo de visão que outrora se baseava em pequenos fatos cotidianos. Mas para que a geografia seja entendida da maneira como deva ser, isso é, sem o constrangimento da formula da decoreba clássica das escolas, é preciso uma mudança na escala da sala de aula como espaço de ensino. Entender a realidade é mais que apenas decora-la, e as interligações que a geografia proporciona têm a capacidade de abrir possíveis brechas no emaranhado de informação permanente que somos bombardeados diariamente. A geografia no meu ver é uma ferramenta poderosa nesse sentido, uma vez que como dito outrora por Lacoste (1976) ela serve mais do que para se fazer a guerra, mas tem no seu instinto primitivo encontrada em cada individuo uma força de mudança para um melhor entendimento do mundo pessoal de cada um. Não como uma auto-ajuda, mas como um desembaçador da realidade, a geografia é mais que uma ciência, mas um modo de pensamento que induz ao geógrafo compreender melhor os fatos corriqueiros de seu cotidiano.

A palestra da Maria Luiza gerou em mim um sentimento inerente à perspectiva da licenciatura, uma vez que ao fazer bacharelado, sente-se falta da abertura profissional e por que não de vida, na qual o ensino pode lhe proporcionar. Como um todo, a geografia é algo inerente a minha vida e ensinar mesmo que fora da sala de aula é mais que uma diversão cotidiana, mas um objetivo de vida interessante a ser seguido.

2 comentários:

Pablo Maia disse...

Que isso velho, teve muito a manha!!! Essa foi uma das melhores definições da geografia que já li!!! Ganharia 10 com o Willian no que é geografia? kkkkkk
Geografia é amor!!! tamu junto

Ana disse...

Teve a manha mesmo, oliver!
Muito muito bom!!!
:)