sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Psicogeografia das trilhas do espinhaço!

É mais uma daquelas idéias para monografia. As vezes até frita esse tanto de coisa, porque quando penso em algo, vou nele pensando até chegar num limite aparente. Penso,penso, penso, crio toda a estrutura metodologica, todo o embasamento, procuro saber muito sobre o assunto, e ai surge uma nova ideia e tudo eh deixado de lado. Mas agora começo a diminuir um pouco as ideias, e elas começam a se encaixar mais. Mudando completamente minha ideia de falar do Jalapão, surgiu uma nova nessa minha ida a serra essa semana.

Fomos a Braúnas, uma cachoeira das mais bonitas que existe na Serra do Espinhaço, na parte meridional dela, bem no meio. Escondida dentro de um canion, e no fundo de um vale, é por demais dificil chegar nela. Não que o caminho seja longo demais, afinal são duas horas e meia de caminhada puxada até ela, para percorrer os 12km que liga o inicio da trilha a ela. Mas antes de mais nada é preciso dizer que não há trilhas. Braúnas é uma cachoeira que exite 3 modos de chegar. Pela Serra dos Alves, vindo de sudeste, pelo Parque da Serra do Cipó, que vem subindo o canion das bandeirinhas, lagoa dourada por ali, e o caminho que eu fiz as duas vezes que fui lá que é passando por Altamira. Bem, a trilha até ela nao existe, é necessario um enorme senso de direção e saber muito bem navegar pelas serras, e de se tiver um GPS ajuda. Mesmo sem GPS é possivel chegar lá, mas a chance de ser perder é de 100%, porque nela nunca se esta no caminho certo, mas sim no rumo. Rume o norte-nordeste e siga pelas trilhas que aparecem e somem, nem são trilhas, sao caminhos d'agua, e boi, e de gente mesmo, mas muito mal conservadas, mato alto, e nenhuma logica a principio uma vez que a trilha some e desaparece a todo instante.

Bem pensando na dificuldade de ser chegar até ela, conversando sobre o assunto enquanto curtiamos uma sombra ao lado da cachu, vimos que depois dessa ida, sabiamos bem o caminho, tinhamos marcado inumeros pontos de referencia para nao nos perdemos, e lembrando de como ficamos sabendo dessa cachoeira a idéia de uma psicogeografia das trilhas da região surgiu.

A tempos atrás, em outubro do ano passado na Lapinha, conversando com um cara lá, ele falou dessa cachoeira e tentou nos explicar o caminho que vem pela serra dos alves. A principio parecia simples, mas ficou muito complicado para lembrar as coisas. Quando fomos pra Braúnas, saimos de Altamira, e apenas muito perto da cachoeira encontramos a trilha que vinha da serra dos alves. O trecho final era nitidamente a fala do cara lá da lapinha que explicou o caminho aquela vez. Era algo do tipo, depois de passar numa mata a esquerda, vira uma trilhazinhae siga a direita da mata, vai ver um poção lá em baixo, mas a cachoeira fica mais pra dentro do canion. Desse mais um pouco e chega e tal.

Bem a idéia geral que tive, era fazer um mapa piscogeografico desse caminho dito pelo cara lá, e tentar ir para a cachoeira seguindo esse mapa. Ficamos vendo isso, e fizemos o nosso proprio mapa, que consiste não em pontos pre determinados, nem em rotas, nem em latitudes e longitudes. O mapa consiste daquilo que encontraremos no caminho, como as pessoas de antigamente explicavam os caminhos, como quando damos informação de ruas para alguem, siga a direita, depois a segunda esquerda e tal. Fiquei horas pensando em fazer mapas psicogeograficos do caminho para a Braúnas, mapas que seriam feitos com a fala e a indicação de pessoas de Cardeal Mota, da Serra dos Alves e de Altamira. Fazer três mapas, um de cada caminho e depois comparar com os caminhos reais, ver se é possivel através da fala desenhar um mapa. Simples e complicado, mas é algo que me interessa muito. Analisar esse tipo de conhecimento 'bruto' dos lugares, tradicionalmente oral, e colocar no papel de forma retilinia e simples, de facil entendimento. Buscar nessa fala encontrar aquilo que mais chama a atenção das pessoas, o que elas entendem do caminho e como faze-lo. Gostei demais dessa ideia porque ela pode ser usada tambem para o Jalapão, em uma escala maior, em um possivel mestrado. A Psicogeografia, é pouco explorada no ambito academico, por ser de dificil explicação e muito individual, mas gosto demais desse tema, e de como as pessoas em diferentes lugares tem noção do mundo. O trabalho ta ai, e mais uma idéia lançada...Espero nao ficar pra sempre pulando de galho em galho e nunca comendo a banana...porque tambem bananeira nem tem galho auehuehaeuaea...

Um viva a Braúnas, lugar dos mais belos dessa terra aqui...

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