domingo, 29 de maio de 2011

Aos Amigos Geografos

E ai galera blz?

Me despeço na manha dessa segunda do acampamento base do Projeto Volta Grande , da mineradora VERENA, e assim regresso a dita civilização. Em minha jornada por essas terras, descobri e vivenciei muitas coisas nunca imaginadas por nos habitantes de uma metrópole cercada por montanhas. Aqui em meio ao calor da floresta equatorial, cercado de vida distribuída e organizada em todos os padrões que nós inventamos para diferenciá-la, me sinto integrante de todo esse jogo fantástico criado não se sabe por que, mas que nessas andanças geográficas, ficamos a nos questionar. Sentado na beira do mítico e majestoso rio Xingu, vendo toda a trama que essa bela paisagem nos mostra, me sinto feliz por ser assim como vós Geógrafo. No dia que marcaram no calendário como sendo o de homenagem a nossa profissão, quero parabenizar a todos que tiveram a coragem de fazer um curso que traz uma dramática mudança na forma como vemos o mundo. Hoje nos vejo como pessoas capazes de em uma visada, interpretar de modo interessante toda essa louca realidade.

Sentado na beira do Xingu, um ribeirinho se aproxima, e logo começa a interpretar essa paisagem com sua visão totalmente adaptada a essa realidade. Me diz que aquela ilha que vejo formam várias praias no verão, que aquele peixe que saltou em busca de uma piabinha, é um tucunaré, que aquela nuvem indica chuva em tanto tempo, e que a noite vai ser estrelada. Diz também que a vida é uma mera repetição de acasos, e que assim como na pesca, nunca se sabe o que virá.

Sem nunca ter vivido um único dia como esse ribeirinho viveu, e em poucos dias nesse lugar, consigo nitidamente e correlatamente interpretar os fatos como ele. Sei que aquela ilha apresentará várias praias, pelo padrão de drenagem do rio anastomosado, que indica acumulo de sedimentos, pelas marcas da vazão do rio nas margens na cheia que há pouco se foi, que indicam que a vazante é grande, e que com certeza esse rio diminuirá muito ainda. Sei que aquela cumulusnimbus que se forma rapidamente, trará chuva forte, porém rápida, e como é o fim da tarde, logo ela se dissipará e um estrelado céu brilhará a noite. Sei que aquele peixe caça daquela forma, saltando da água e abocanhando por baixo sua presa, ( vi isso no Discovery ahaha ), só aprendi o nome do peixe, Tucunaré : ) . E sei que a vida é o acaso das certezas. E que as incertezas, são apenas certezas ainda não pensadas.

Certo que nas margens do Xingu, em alguma barranca exposta, é possível admirar a majestosidade desse imenso e importante rio. Nascido na longínqua e não menos mítica serra do Roncador, no coração do Brasil, esse rio banhado por tantas áreas diferentes, chega aqui na Grande Volta que ele faz, buscando uma sobrevida antes de sua foz no A(mar)zonas. Cheias de energia acumulada, em um caminho criado pelas leis da física que o homem tanto busca interpretar, o rio segue lentamente sua jornada, fazendo parte do eterno ciclo das águas. E nessa ciência dos “Comos”, descobrimos como funciona muita coisa. Os “Porquês” ainda são impossíveis de se responder, e talvez nunca consigamos, mas como Geógrafo, saber, e entender muito desses “comos”, me faz pensar e refletir. Como é bom tudo isso que existe, e como é frustrante perceber que nossa cultura simplesmente esqueceu que vivemos em um planeta, um mundo, um chão. Cercado de carpetes, aço e concreto, respirando no ar condicionado, perdemos mais e mais a nossa ligação com tudo isso, e principalmente, com a nossa própria e mais bela característica humana. A curiosidade. Curiosidade de sair por ai simplesmente observando, vendo e querendo saber como tudo acontece.

Digo o que penso e sinto, e digo uma coisa, por mais que não vivam da geografia, vivam pela Geografia!

Saúdo a todos em grande felicidade e espero que todos possam estar ai daqui a muitos anos, não importando o que acontecer, geografando por ai!

2 comentários:

Marina. disse...

Geografia: a grande ciência de amar zonas... Oliver Ab'Saber.

Thiago Moura disse...

parabéns por ser assim! hehe

gostei mto disso aqui:

vida é uma mera repetição de acasos, e que assim como na pesca, nunca se sabe o que virá

a vida é o acaso das certezas. E que as incertezas, são apenas certezas ainda não pensadas.

Em meio ambiente, em meio do começo e do fim, em meio a certezas e incertezas, o seu próprio texto mostra que Cultura é diferente de Cultura. Continuemos vivendo!

Um abraço