domingo, 6 de julho de 2014

Do amor nestes tempos destemperados

Nas amarguras do coração partido,
A memória recriando teu riso,
Teu cheiro eu me lembro no improviso,
De querer acreditar que toda a história não se deu por terminar.
E passam os dias e as horas,
E quanto mais passa,
Mais vontade de reviver o passado se dá.
Mas o quanto vale meu amigo,
A liberdade de poder se gostar?
Os dias passam arrastados,
Quando não se pode caminhar,
E olhando para o passado,
Não sabemos aonde iremos chegar,
Amor é sentimento puro,
Difícil de se alcançar.

Nas noites nas cidades,
Saímos em busca de nos apaixonar,
Nas ilusões do amor a primeira vista,
Pois o amor é mais que o olhar,
É a troca afetiva de energias,
A deliciosa sensação humana de se deixar levar,
Nos braços de outro ser humano,
Que nos deixa extasiados ao nos apaixonar.

Será que vou na busca de outro amor,
Ou deixo ele me conquistar?

Será que eu aceito o fato,
Que preciso primeiro me amar?
Ou desisto de tudo e do tato,
Do beijo, do carinho e do abraço,
E de todo tipo de ato,
Que eu procuro encontrar?

Será que realmente sabemos,
O que estamos a procurar?

Sozinho na noite observando,
A beleza arquétipa exemplar,
Nos ensinada como padrão estético,
Ao qual devemos nos enquadrar,
Percebo sorriso vazios,
Olhares sem se olhar.
Uma vontade de conhecer,
Mas muito receio de se conversar,
Porque o mito do príncipe encantado,
Pode um dia se concretizar,
Mas enquanto o príncipe não aparece,
Porque agir como as princesas a esperar?
Isoladas em seus castelos do ego,
Amarradas ao patriarcado milenar,
Que oprime o contato humano,
Com o receio de se amar.

Espere princesa,
O príncipe está indo te buscar.
Com toda dedicação,
De um marido exemplar.
Mas a doce e maior ilusão,
É a de que ao invés da boa comunhão,
Entre humanos a se amar,
A armadilha do coração,
O faz sempre acreditar,
Que o amor vai surgir do nada,
Sem você se esforçar.


Amar não é tão simples,
É uma ferramenta evolutiva que permite a consciência transcender ao simples ato de procriar.
O amor é a intervenção dos deuses,
A dádiva mor do universo,
A energia primária que movimenta tudo,
Convertida em sentimento humano puro.

Nas noites no parque,
Nunca serei o príncipe encantado,
Talvez pela necessidade de amar,
E também de ser amado.




 

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