segunda-feira, 29 de março de 2010

Lá do alto...

Do alto da mais alta serra da região, vendo ao longe a infinidade de morros que a cercam, logo a oeste se avista a maior aglomeração e pessoas que vivem nessas terras. Cinco milhões de mineiros perdidos entre as serras que circunda toda sua volta. Do alto é só se ve metade da gigantesca área construida pelo homem, pois a outra metade está escondida do outro lado das milhares de vertentes que compõem a região. Lá do alto a cidade é muda. Um silêncio enganador toma conta do seu espirito, uma paz em saber que você não está ali dentro faz surgir algo interessante. Olhando a cidade do alto e de longe, ela parece estatica, imovel, parece apenas uma gigantesca e brilhante lampada acesa. Mas olhar para um unico ponto na terra que contem mais de cinco milhões de pessoas é uma experiência única e rara. Poucos lugares no planeta conseguem dispor de uma montanha alta o suficiente que e perto de uma aglomeração urbana tão grande como a de Belo Horizonte. A BHBILÔNIA arde lá embaixo, asfalto e concreto, cimento e aço, vida e morte, saude e guerra, violência e ... Não. Não há paz na selva de pedra. Ela está estáticamente movel, no pico de sua profunda injustiça. Olhar lá do alto e imaginar o que cada ser estária fazendo é algo estranho. Do alto, as pessoas perdem a significancia, são apenas pontinhos invisiveis a olho nú. As estrelas brilham mais que a própria cidade que oculta em sua própria fumaça, envenena as almas dos habitantes que dela fazem sua casa. A cidade é como a serpente do éden, e falsea uma segurança inexistente. Sugere que ela é o melhor lugar da terra, seguro, e tecnologicamente evoluido a ponto da Natureza ser esquecida. Mas ali, no alto de Sabarabuçu, sentado na pedra que outrora ja serviu de assento para Borba Gato, Saint-hilaire, que olharam do mesmo para o mesmo lugar que eu, mas viram outra coisa. Viram um espetacular mar de morros infinitos, se espalhando até onde a vista alcança. Hoje é incrivel observar como a babilonia se expande, espalha, agride. Parece um ser vivo que vai tomando conta de tudo, como uma colonia de bactérias. E porque não? Do alto somos tão nulos e insignificantes como as bactérias, porém desde pequeno sabemos os danos e estragos que essas pequenas e invisiveis criaturas podem causar em nossas vidas.

Do alto somos a representação dos nossos maiores temores. Do alto me sinto livre da imunda colonia de bactérias. Do alto eu vejo que tudo isso não passa de uma imensa capacidade do homem de não saber sobreviver sustentavelmente, porque ele tambem não quer. Do alto nos sentimos mais proximos de Deus, ou simplesmente nos sentimos como ele, por isso que do alto sempre se tem locais de reza, meditação, inspiração. Do alto me sinto mais Mineiro que nunca, pois só o Mineiro consegue subir, ver, e enxergar... Lá do alto...

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