quarta-feira, 18 de maio de 2011

Noticias do Xingu!

Primeiras Impressões:

Cheguei as 7:40 da manha do dia 17 de maio de 2011 à cidade de Altamira no estado do Pará. Banhada pelo imenso e mítico rio Xingu, Altamira vive um momento de turbulência política causada pela construção da hidrelétrica de Belo Monte e as conseqüências ambientais que essa obra causará. Do pouquíssimo tempo que passei em Altamira, pude ver algumas coisas interessantes. Há na cidade outdoors e cartazes feitos pelo Consorcio Belo Monte, onde a propaganda pró Belo Monte é feita com os dizeres: “Energia para Saúde” e “Energia para a Educação”. Além dessas propagandas, no aeroporto de Belém, os monitores da sala de espera, mostravam a cada 2 minutos em média uma propaganda a favor de Belo Monte. É nítida a desesperada tentativa do tal Consorcio, com o poder da mídia, em tentar mudar a opinião dos moradores, que em sua imensa maioria são contrários. Ao perguntar a população local, as poucas pessoas que tive contato, a grande maioria enrola um pouco para responder, mas com duas ou mais perguntas despistadas todas se dizem contra a construção da barragem, porque em muito irá a altera suas vidas.

Bem depois volto a pensar e a escrever sobre a questão Belo Monte, agora vou tentar fazer um rápido levantamento de tudo que ocorreu nesses dois dias incompletos que aqui estou. Em Altamira peguei um táxi que me deixou no pequeno cais, e logo entrei em uma Voadeira (lancha típica da região, que serve de transporte para os moradores de toda a Volta Grande do Xingu), e desci o rio cerca de 1hora e 40minutos a toda velocidade. Aqui no Xingu está no fim do inverno, e as águas já começaram a descer. Mas isso não significa que o rio está vazio, ele está com sua vazante muito alta, e invade todas as matas de entorno e suas infinitas ilhas. Para tentar melhor entender essa região, temos de imaginar o seguinte. O rio em média tem 7km de largura na Volta Grande, tem o perfil anastomosado, ou seja, milhões de ilhas que foram formadas pela deposição dos sedimentos vindos do longínquo Planalto Central, onde se encontram suas nascentes. O rio segue vindo do centro do país no sentido sul – norte, e ai chegando em Altamira, ele desiste e muda completamente de rumo, seguindo sentido noroeste - sudeste, chegando a ficar norte – sul em alguns trechos. Ao chegar na região da Via da Ressaca ele começa a tomar o rumo de novo para o norte, e lentamente em cerca de 30km, ele faz uma imensa curva e volta ao seu rumo natural, até sua foz no rei dos rios o Amazonas. Estou no Site da mineração Venera, e é disso que irei falar agora.

Volta Grande do Xingu:

Estou hospedado no Site da mineradora Venera, um grupo canadense que filhadaputamente rouba nosso Ouro e leva embora para que alguns bilionários se tornem mais ricos ainda. Bem a Volta Grande do Xingu como é conhecida a região, é uma imensa área de garimpo. Aqui é praticamente tudo embasamento, granitognaisse quês fala, porém em um curto trecho na margem esquerda sul da grande curva, existe um Cinturão de Pedras Verdes, famoso lugar onde tem Ouro!

Bem a existência de ouro levou vários garimpeiros a região ao longo dos anos, e desde a década de 70 se tem noticia da existência da Vila Ressaca, pequeno povado “capital” da Volta Grande, e mais várias outras como a Vila Galo, menor e mais miserável que a Vila Ressaca, a Ilha da Fazenda, um simpático vilarejo em uma ilha em frente a Vila Ressaca, e uma dezena de outras locais de garimpo pouco acessivels e desconhecidos ainda por mim. E claro , eu estou em algum lugar, e esse lugar é a Vila Verena, alcunha dada pela própria galera, já que aqui não tem nome certo, e o povo conhece como Verena. E o que vem a ser a tal Verena? Verena é o nome do antigo projeto da BELO SUN MINING, nome da mineradora canadense que tem o direito de explorar o subsolo brazuca. É isso mesmo galera, já era a Amazônia é dos gringo, perdemos.

Bem aqui onde estou é uma enorme viagem, é uma vila composta por uns 6 alojamentos, que são casas de três quartos com Ar Condicionado, uma sala, banheiro e uma varandinha. Essas casas ficam organizadas uma ao lado da outra, como em um conjunto habitacional Minha Casa Minha Vida. Existe uma rua principal e no final chega-se a uma cozinha refeitório, onde a bóia é servida de grátis pra nois que “mora”aqui. Existe aqui ainda, uma lavanderia, uma oficina, escritório, um deposito, um casa onde fica gerador, e várias outras coisinhas. Estou vivendo em uma vila organizada, com horários rígidos de alimentação, com regras mil de vivencia e convivência, cercado por uma densa e intrasponivel mata. Ilhado em meio a selva. Existe uma estrada roots que dá acesso , mas só as L200 passam, e alias é o único veiculo terrestre que vi por aqui nesses dias.

A mineração ainda não tá rolando, mas as obras estão a mil por hora, mesmo no infinito calor que faz aqui as tardes. Ainda não peguei muito calor, mas a umidade te faz suar se você der o mole de existir por aqui. A peãozada que rala aqui mora nas vilas ao redor, e todo dia 17h parte a voadeira lotada de gente rumo as suas casas. Quem aqui fica, é o pessoal do projeto, as cozinheiras, que mudam de turno entre elas, um ou outro pessoal de trabalho especializado que não encontra na região. Na minha casa , o famoso Alojamento 01, estão, EU, uma mina e um cara de Belém que trabalham na parte da Arqueologia, dois caras de Sampa meoo, que ralam com a construção de casa de madeira, uma vez que estão subindo dois alojamentos feito desse material, e mais o motora que anda com a L200 com nois, mas que eu ainda não dei role.

A sensação de estar nesse lugar é um tanto quanto estranha, tenho tudo de graça, comida, bebida, cerveja :) , internet ( lenta e incrivelmente eu tenho isso aqui no meio do nada), lavanderia, as tia limpa a casa todo dia, mas apesar disso, não há “vida” por aqui. Estive na Vila Ressaca e na Ilha da Fazenda, e mesmo sendo miseráveis locais, com casas de adobe e palafitas esgoto a céu aberto e tudo mais que as favelas belorizontinas nos mostram, pelo menos existe um comercio, um buteco e uma prosa. Aqui é tudo muito morto, e virei o centro das atenções com meu sotaque diferente, falando tudo com muito exagero e comendo queijo em várias horas do dia, só pra constar minha mineirisse longe das montanhas.

Todos os roles que dei aqui, foram de barco até agora, seu Antonio é o tiozim que comanda a voadeira a milhão na br, e hoje pela manha segui até um local no rio Bacajá, um afluente a jusante de onde estou, para chegar num local chamado Pedra do Índio, onde inscrições feitas por índios estão por todo lado. Decepção ao chegar, pois como disse antes ,o rio está muito cheio e todos os pedrais e praias estão submerso, o que facilita o transporte pelo rio, mas diminui a possibilidade de lazer pois quase não se vê margens no rio, só mata submersa. A dita Pedra do Índio só tinha seu topo fora d’agua, e ai só uma inscriçãozinha pode ser vista. Depois voltamos para almoçar e dormir no ar condicionado, pois depois do almoço no calor agressivo e úmido daqui, é a única coisa possível de se fazer. A tarde dei mais role com o pessoal pelo rio, e deu pra ver muita coisa legal, inclusive ver que o rio e algo incrível e gigante, em alguns momentos parece um grande lago cheio de ilhas. No verão dizem que é mais massa pois inúmeras cachoeiras apararecem com os pedrais fora da água.

A comida daqui é a famosa comida paraense, e o feijão é temperado com coentro :( . E por falar em comida, sou a principal dos bilhões de insetos que chegam tomando conta, principalmente ao anoitecer. Quem não gosta de pernilongo, sugiro não vir até aqui, pois pernilongo aqui é mato. E eu cheguei como carne nova e ai nem repelente adianta, porque eles não tão nem ai. Carapanãs, Piuns , Mutuns, todos esses bichos te jantam felizes, enquanto você fica a se coçar sem parar. Uma coisa que reparei é que os tiozim daqui nem reclama, mas na verdade eles estão o tempo todo coçando. São tão acostumados a isso que coçar é algo comum da vida deles. Como eu sou uma moça da cidade grande, ainda to me acostumando a coceira continua e irritante. Tomei uma picada de um Pium, que e um minúsculo pernilongo, que tem o poder de inchar muito o local atingido. Fui picado na mão e ela ficou gigante, (Gigante de acordo com meu exagero) sai sangue, mas o bom que só dói, não coça J. De dia é até de boa, mas entre 17:30 e 18:30 o bicho pega e ai não tem jeito nem repelente que acabe com a Fome Negra desses bichos malignos. Ainda não tinha chovido, mas agora a noite muitos raios e trovoes por todo lugar, mas caiu só uma chuva leve de moia bobo no ponto do balai, mas que parece que vai continuar por toda noite.

Bem galera, essa ai são as primeiras impressões que tive nesses dois dias que aqui estou ainda nem comecei a “trabalhar”, isso começara de levena sexta, até lá vou pelo rio Xingu procurando sítios arqueológicos com a galera de Belém feliz da vida. Depois com mais calma, mandarei mais idéias, pensamentos e coisas que vou ver e vivenciar nesse lugar remoto, lindo e incrível do Brasil!

Abraço a todos direto do XINGU!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

a volta grande do xingú é garimpada desde 1935.tem morador gente boa inclusive muitos mineiros,até
e mesmo de bh,como o sr henrrique que mora na ressaca.as primeiras pessoas que vieram morar na região foram morar na ilha da fazenda para evitar ataques dos indios que atacavam no continente.esta região do xingú é um paraiso da amazônia.existem varios lugares com desenho esculpido em pedras lindas praias.o lugar misseravel a que vc se referiu as pessoas que trabalhao la SÃO bem remunerada\S A MAIORIA APESAR DE MORAREM EM CASAS FEIAS DE MADEIRA TEM CASA EM ALTAMIRA LOTES DE CACAU E ATÉ GADO TEM MUITA GENTE BOA. OS RIBEIRINHOS SÃO FELIZES,VIVEM EM HARMONIA COM A NATUREZA LUGAR FARTO DE PEIXES FRUTAS.AÇAI.ETC..GARANTO QUE SÃO MAIS FELIZES DO QUE OS MORADORES DE METROPOLIS QUE ENFRENTÃO ENGARRAFAMENTOS,NÃO TEM TEMPO NEm DE CONVIVER DIREITO COM A FAmilia

Oliver disse...

É isso ai anonimo, esse foi meu primeiro olhar rapido do lugar, conheci o seu Henrique, conheci a história do lugar, conversei com muita gente, e quando me referi a ser uma favela, é que émais facil de imaginar o lugar, ja que a ilha da fazenda eh uma comunidade riberinha bem simpatica. Sei que a vida de todos eles é melhor que a minha e a sua, porque eles vivem em harmonia com um lugar maravilhoso. O lance é que se vc ler os proximos textos vai entender melhor o que to dizendo. Nao creio que nao sao pessoas boas, ao contrario, vao ter suas vidas destruidas pela ganancia de uns filhas da puta do tal consorci obelo monte