quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Diz pra mim Nietzsche...

Máxima 415:

Amor. - A idolatria que as mulheres têm pelo amor é, no fundo e originalmente, uma invenção da inteligência, na medida em que , através das idealizações do amor, elas aumentam seu poder e se apresentam mais desejáveis aos olhos dos homens. Mas, tendo se habituado a essa superestimação do amor durante séculos, aconteceu que elas caíram na própria rede e esqueceram tal origem. Hoje elas são mais iludidas que os homens, e por isso sofrem mais com a desilusão que quase inevitavelmente ocorre na vida de toda mulher – desde que ela tenha imaginação e intelecto bastantes para ser iludida e desiludida.

Máxima 418:

Fazer-se amar. – Como, num par amoroso, geralmente uma pessoa ama e a outra é amada, surgiu a crença de que em todo comércio amoroso há uma medida constante de amor: quanto mais uma delas toma para si, tanto menos resta para a outra. Pode ocorrer, excepcionalmente, que a vaidade convença cada uma das duas pessoas de que é ela quem deve ser amada; de modo que ambas querem se fazer amar: do que resultam, em especial no casamento, em cenas algo cômicas, algo absurdas.

Máxima 431:

Amáveis adversárias. – O pendor natural das mulheres para a existência e as relações calmas, regulares, feliz-harmoniosas, a espécie de brilho apaziguador que suas ações deixam no mar da vida, contrária involuntariamente o intimo impulso heróico do espírito livre. Sem que o percebam, as mulheres agem com quem tira as pedras do caminho de um geógrafo, para que seus pés não tropecem nelas - quando ele saiu precisamente para nelas tropeçar.

Máxima 437:

Enfim. – Há várias espécies de cicuta, e geralmente o destino encontra oportunidade de pôr nos lábios do espírito livre um calice desse veneno – para “puni-lo”, como diz depois o mundo inteiro. O que fazem então as mulheres à sua volta? Elas gritam e se lamentam, perturbando talvez o descanso crepuscular do pensador: tal como fizeram na prisão de Atenas: “Ó Críton, manda alguém levar para fora essas mulheres!”- falou Sócrates enfim.

(Nietzsche. Humano, Demasiado Humano)



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