sábado, 15 de outubro de 2011

Murmurio dos Deuses ou Guerra e Paz

Há muito tempo não rolava um espetáculo natural tão belo, como esse de hoje à noite. O piscar de luzes que clareia por alguns instantes toda a cidade, se dava com um continuo murmúrio dos deuses. Uma guerra entre o céu e a terra. A cidade vai sendo atacada pela atmosfera em fúria, que lança raios contra a Bhbilônia, cortando o ar na velocidade da luz, com uma energia desproporcional, assustando os escravos. O trovão, a língua mais arcaica da Terra, repete-se continuamente.Onda sonora criada pelo rápido aquecimento das moléculas em expansão, devido ao raio que agride o chão, gerando susto e um certo pânico. Mas hoje o pânico dos escravos, é o medo de ficarem sem luz, sem comunicação, viverem isolados nas suas prisões, com chuva, escuridão e pouco espaço entre as paredes. Esse temor entre as paredes e a arcaica e assustadora luz tremulante de uma vela, fazem o escravo sentir medo do mundo, pois o mundo virtual e tecnológico que ele vive, não pode mais ser acessado. Isso o leva a pensar que essa regressão a barbárie sem energia, poderá levar ao caos, e ai reza para os Deuses para que a luz volte. Mas eles se recusam a perceber que o céu está brilhando intensamente, na maior boate que pode existir, num constante iluminar e escurecer. A Bhbilônia vai sendo atacada, com raios e relâmpagos, como numa guerra entre os homens, aonde uma cidade vai sendo bombardeada pelos aviões do inimigo. Nessa guerra, o escravo se protege da maneira que pode do ataque celeste.

Na verdade mais que uma guerra, é a união magnética dos pólos opostos, um no Céu e o outro na Terra, que se juntam para fazer a maior troca de energia que existe no planeta Terra, a união entre a Atmosfera e a Crosta terrestre. União que cria um dos maiores espetáculos que existe nesse planeta. A conversa dos deuses. É tão simples imaginar que dezenas de milhares de homens ao longo da história ouviram essa conversa e rezaram a esses deuses, implorando-os piedade, que parassem aquela louca discussão. Ouvir essa conversa, ver as faíscas que esse debate clássico, entre os deuses do Céu e os da Terra travam é algo recompensador aqui na metrópole dominada pelo ego dos bhbilônicos. Ouvir esse debate e acompanhar tudo acontecer, essa energia infinita, grandiosa, assustadora e bela, é uma das coisas que me fazem voltar a ser um pouco primitivo, em ver e crer numa coisa maior, num poder maior, quem sabe nos deuses. Deuses esses que nada mais são que uma troca de energia, e que mais poderia ser um deus se não energia? Tudo nesse universo é energia.

Viver um pouco dessa mitologia de forças naturais que se convertem em deuses, faz da gente um pouco mais humano, menos robotizado, mais livres, já que até meu modo de andar e agir foi moldado pela Bhbilônia unicamente para reproduzir algo abstrato, sem sentido, um simples apertar de botões. Nada mais belo que toda essa energia espetacular para aliviar as tensões na depressiva Bhbilônia. Nada melhor que a chuva para nos fazer cochilar. Que os deuses tenham piedade de nós, pois se os Céus ganharem, estaremos fudidos.

Nenhum comentário: