Só porque tô solteiro vou criticar a data da CDL...
Não consigo entender esses amores adestrados.
Do tipo enlatados,
Com finais felizes.
Não consigo entender o cortejo,
De se trocar um carro por um beijo,
Castrando vontades e desejos.
Não consigo entender os relacionamentos,
Que se constroem com tormentos,
De casais tipicamente ciumentos.
Mais difícil ainda é entender,
O porquê de tanto sofrer,
Com algo que só deveria dar prazer.
Talvez seja essa nossa moral,
Fruto de uma vida rural,
Em que desde cedo já se fazia o casal.
Nessa nossa vida de então,
Perdidos em meio à multidão,
Os amores vêm e vão.
E não há como se prender,
Pois a liberdade da mais prazer,
Que a imposição do sofrer.
Não olhe para outra,
Não me beije com essa boca,
E não me julgue uma louca.
Sou o resultado dessa moral,
Da imposição do casal,
Como ferramenta essencial.
No mundo do capital
A imposição matrimonial,
É a solução para a reprodução.
(do próprio capital)
Um amor livre e coletivo
É uma necessidade eu vos digo
Para que as coisas tenham mais sentido.
Afinal se formos todos filhos e pais,
Nessas questões relacionais,
Aprenderíamos muito mais.
Pois como deixar de acreditar,
Que a união familiar,
Não é uma prisão domiciliar?
No mundo dos apartamentos,
Os espaços são pequenos,
Não há fuga, o que gera tormento.
E as pessoas saem de casa,
Em busca de liberdade,
Mas cometem o mesmo erro e se casam.
Começam uma nova família cheia de ilusão,
Impossível viver feliz em meio à depressão,
O que precisamos é fazer do ciúme o vilão.
Voltar a amar apenas com o coração,
Sem posses, sem alianças,
Pois se prendermos o amor,
Lá se vão as esperanças,
E o que não queremos nesse mundo
E que nunca falte amor para as nossas crianças,
Pois o amor ta caro e restrito,
Praticamente sem confiança.